As polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro fazem na manhã desta terça-feira (11/3) uma operação contra o traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, do Terceiro Comando Puro (TCP), no Complexo de Israel, zona norte da cidade.
Os policiais cumprem mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao homem que é apontado como chefe da facção. Uma das casas usadas por Peixão -apelidada de resort- começou a ser demolida às 9h da manhã.
No local, há um grande lago artificial com carpas, academia e um monte que seria usado para orações. As incursões já demonstraram que há três espaços distintos em Parada de Lucas usados pela quadrilha, e que tem uma estrutura considerada de luxo pelos investigadores, que destoa das construções da localidade.
Ainda segundo a polícia, as construções não possuem licença e cometiam crimes ambientais, como desvio do curso de água.
"É preciso dar um tratamento mais contundente contra os narcoterroristas que atiram contra a população para fazer cessar a operação policial", declarou o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil.
Peixão é o primeiro líder do tráfico do Rio a ser investigado por terrorismo, conforme a reportagem noticiou em outubro.
"O crime de terrorismo tem relação também com questões políticas ou religiosas. No caso do Peixão, sabemos que ele impõe uma ditadura religiosa, ele não permite certos tipos de crenças ou religiões. Ele expulsa pessoas que possuem religiões afro, candomblé, espiritismo, enfim, tudo o que não tiver com a crença que ele acredita", disse Curi.
A avenida Brasil foi fechada nos dois sentidos para o tráfego de veículos, no final da madrugada, devido a tiroteios relacionados à operação policial. Motoristas precisaram sair dos veículos e se proteger ao lado das muretas da via. O trânsito já foi liberado, mas a recomendação do Centro de Operações Rio é que os motoristas evitem a região.
A operação afetou também o transporte coletivo de ônibus e de trens urbanos. Peixão, autointitulado traficante evangélico, teria ordenado que seus subordinados atirassem na população para tentar fugir de um cerco policial em outubro do ano passado, segundo informações de inteligência policial surgidas após a operação que deixou seis pessoas baleadas - três morreram.
Ele fundou o Complexo de Israel em 2021, durante a pandemia de Covid-19, aproveitando a ausência de operações policiais nas favelas. Após tomar territórios do Comando Vermelho, uniu as comunidades com pontes, sendo a maior sobre o rio Pavuna. As obras facilitaram o deslocamento de seus comparsas, que se autodenominam Tropa do Arão - o nome que Peixão escolheu após se batizar como evangélico.