O piloto do balão que caiu em Praia Grande (SC) na manhã deste sábado (21), Elvis de Bem Crescêncio, disse em interrogatório à Polícia Civil que tentou utilizar o extintor de incêndio, mas o equipamento não funcionou. No acidente, oito pessoas morreram e 13 tiveram ferimentos leves e não estão hospitalizadas. Dois dos feridos tiveram queimaduras de segundo grau, mas sem gravidade.
Parte do conteúdo do interrogatório foi revelada pelo delegado geral da Polícia Civil de Santa Catarina, Ulisses Gabriel, durante entrevista à imprensa no final desta tarde.
"Ele apresentou uma versão a respeito dos fatos. Disse que o incêndio teria começado na base do cesto, onde teria algum pano, alguma coisa. E teria começado através de um botijão de gás reserva que fica no local. O extintor de incêndio não funcionou e ele não conseguiu apagar este princípio de incêndio", disse o chefe da Polícia Civil.
Condições do balão
Além do piloto, outras cinco pessoas que sobreviveram ao acidente já foram ouvidas pelos investigadores neste sábado. O inquérito ficará sob responsabilidade do delegado de Santa Rosa do Sul (SC), Rafael Chiara.
"Já temos documentos que indicam autorização de voo do balão e de funcionamento da empresa. Vamos fazer ainda levantamentos sobre as condições do balão e as condições de tempo, se eram adequadas para que ocorresse um voo nesta manhã", afirmou Gabriel. Segundo ele, havia "muito vento" na região.
O balão não estava com excesso de peso, ainda de acordo com o investigador. Gabriel afirma que estavam permitidos até 27 passageiros ou até 2.875 kg.
Passageiros
Das 21 pessoas, 18 são de Santa Catarina, 2 são do Rio Grande do Sul e 1 é de São Paulo, de acordo com o governo catarinense.
Os oito corpos foram levados para a unidade da Polícia Científica de Santa Catarina na cidade de Araranguá (SC).
A Polícia Civil já divulgou a lista de pessoas que estariam a bordo, mas a identificação dos corpos pela Polícia Científica ainda não totalmente foi concluída.
Até as 19h, seis já tinham sido identificadas: Leandro Luzzi, 33; Andrei Gabriel de Melo, 34; Leane Elizabeth Herrmann, 70; Janaina Moreira Soares da Rocha, 46; Everaldo da Rocha, 53; e Juliane Jacinta Sawicki, 36.
Posição da empresa
A empresa Sobrevoar, responsável pela operação do balão, afirmou em nota que o "piloto tinha experiência e adotou procedimentos indicados".
Também disse que cumpre com "todas as normas estabelecidas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), destacando que não tínhamos registros de acidentes anteriores".
Segundo a empresa, o acidente ocorreu "mesmo com todas as precauções necessárias e com o esforço de nosso piloto, que possui ampla experiência e adotou todos os procedimentos indicados, tentando salvar todos os que estavam a bordo do balão".
Ministério Público
A reportagem não conseguiu falar com o piloto neste sábado.
O Ministério Público de Santa Catarina divulgou uma nota informando que vai acompanhar os desdobramentos do caso no âmbito criminal e cível.
"Neste momento de dor, o MP se solidariza com os familiares e amigos das vítimas, e informa que a Promotoria de Justiça de plantão está acompanhando a situação e que serão apuradas as responsabilidades relacionadas ao caso", diz nota assinada pela procuradora-geral de Justiça, Vanessa Wendhausen Cavallazzi.