Manoel Marins, 64, pai de Juliana Marins, turista brasileira que morreu aos 26 anos após cair durante trilha no monte Rinjani, na ilha de Lombok, Indonésia, afirma que mobilização dos brasileiros foi fundamental para o resgate do corpo da filha e o traslado ao Brasil.
Juliana será velada nesta sexta-feira (4), em um cemitério em Niterói. O corpo chegou ao Brasil na terça (1°) e passou por autópsia no Instituto Médico Legal por peritos legistas da Polícia Civil fluminense.
O corpo já havia passado por necropsia em Bali, mas a família pediu à União um novo exame para esclarecer pontos ainda controversos, como data e hora da morte.
"Não fosse a mobilização enorme do povo brasileiro, o caso seria esquecido e Juliana seria mais uma estatística. Ela só não virou estatística pela turista espanhola que fez o vídeo de drone e conseguiu nos contatar, e depois pelo povo brasileiro, que encampou essa luta. O povo sentiu a dor que nós sentimos e teve enorme empatia", diz Manoel à Folha de S.Paulo.
"Isso fez com que o governo de Lombok e o governo central da Indonésia se movessem. O povo brasileiro foi fantástico."
Na quarta (2), a irmã de Juliana, Mariana Marins, disse que, após o caso, o principal medo da família era que ela ficasse desaparecida.
Manoel viajou à Indonésia acompanhado de dois sobrinhos assim que soube da notícia de que Juliana havia sofrido a queda na trilha, no dia 20, e permanecia sem resgate. O corpo de Juliana foi resgatado no dia 25 e o pai foi o responsável pelo reconhecimento.
No hospital onde reconheceu o corpo de Juliana, Manoel se reuniu com representantes do governo de Lombok e da polícia e Defesa Civil. Todas as autoridades pediram desculpas, segundo Manoel.
"Mas nem o guia, nem a empresa que vendeu o pacote e nem o responsável pelo parque pediram desculpas. Tivemos uma reunião com eles e, pelo contrário, acham que estão com a razão e que o que aconteceu foi uma fatalidade."
A reportagem enviou mensagens ao guia a partir da noite de quarta, mas não houve respostas. A empresa e a organização do parque não foram localizadas.
O laudo preliminar da necropsia realizada no IML do Rio deve ser entregue em até sete dias. O exame foi realizado por dois peritos legistas da Polícia Civil, e observado por um perito da Polícia Federal e um assistente técnico da família.
A realização de uma nova autópsia foi um pedido da família de Juliana à União. O exame foi homologado após audiência na Justiça Federal na terça (1º), com presença da AGU (Advocacia-Geral da União), Defensoria Pública da União e governo do estado do Rio.
O objetivo é esclarecer data e hora da morte e identificar sinais que apontem a causa e que não tenham sido observados pela perícia indonésia. "O laudo da necropsia tem muitas lacunas, ao menos para um leigo como eu. Eles não conseguem precisar a data e hora da morte e precisamos saber. Falam que a morte se deu por múltiplas fraturas e que não houve sinais de hipotermia, mas à noite a temperatura vai abaixo de zero e Juliana não estava com casaco. Há uma série de incongruências que precisamos saber." (YURI EIRAS)