Entrevista

Anthony Fauci, principal infectologista dos EUA: Brasil deve considerar lockdown

Líder da força-tarefa contra a pandemia de Covid-19 nos EUA também comentou situação sobre igrejas: 'É preciso ter cuidado com lugares lotados'

Por Da Redação
Publicado em 07 de abril de 2021 | 09:28
 
 
 
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O médico norte-americano Anthony Fauci, líder da força-tarefa contra a pandemia de Covid-19 nos Estados Unidos, chamou a situação que o Brasil vive diante do crescimento de mortes e casos de "muito grave" e declarou que o país deveria considerar medidas como lockdown. Ele também reforçou que o aumento da campanha de vacinação é fundamental. Fauci fez as declarações em entrevista exclusiva à BBC News Brasil. Nessa terça-feira, o Brasil bateu o recorde de mortes por Covid-19 registradas em 24 horas, com 4.195 óbitos.

"Não há dúvida de que medidas severas de saúde pública, incluindo lockdowns, têm se mostrado muito bem-sucedidas em diminuir a expansão dos casos. Você não precisa fazer um lockdown sem prazo pra acabar, mas, se restringir a circulação e garantir que todos usem máscara, você não terá pessoas se reunindo em ambientes fechados como em restaurantes e bares, e isso diminui o número de casos. Então, essa é uma das coisas que o Brasil deveria pensar e considerar seriamente dado o período tão difícil que está passando", disse Fauci.

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Fauci ainda comentou uma possível compra do governo brasileiro de doses que estão sem uso nos Estados Unidos, mas apontou que isso não deve acontecer em negociação bilateral, e explicou que as vacinas não necessárias ao país norte-americano devem ir para o consórcio organizado pela OMS. "Como você provavelmente sabe, nós retornamos à Organização Mundial de Saúde, estamos nos juntando ao Covax, que é um consórcio de organizações e países cuja finalidade é levar doses de vacina para aquelas partes do mundo que não têm acesso às vacinas. Demos ou já prometemos US$ 4 bilhões (R$ 22,4 bilhões) em recursos para fazer isso. E já deixamos bem claro que assim que levarmos as vacinas para a esmagadora maioria das pessoas nos Estados Unidos, além de termos o suficiente para reforços, colocaremos o excesso de vacina à disposição dos países em todo o mundo que precisam delas", afirmou.

Outro ponto abordado na entrevista foi a recente disputa judicial envolvendo a abertura de igrejas e templos para a realização de missas e cultos - algo que também aconteceu nos Estados Unidos. No Brasil, o ministro Kassio Nunes Marques liberou a prática no último sábado. O prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, retrucou a decisão, mas acabou por acatá-la. No entanto, outro ministro do STF, Gilmar Mendes, vetou os cultos em São Paulo, e o tema será levado ao plenário pelo ministro Luiz Fux . Sobre o tema, Fauci declarou: "Diria que as pessoas precisam evitar ambientes fechados e cheios de gente. Sei que todo mundo quer ir à igreja, e isso é muito importante, mas é preciso ter cuidado ao lidar com lugares lotados. Geralmente, é um local de disseminação do vírus", ressaltou ele.

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