Festa Literária de Paraty

Baixo orçamento e ausência de grandes atrações não prejudicaram a Flip

Evento teve o seu menor orçamento em dez anos e contou com show de abertura de Luis Perequê, músico local; apesar disso, edição foi um sucesso

Por FOLHAPRESS
Publicado em 05 de julho de 2015 | 22:18
 
 
 
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Menos foi mais na 13ª Festa Literária Internacional de Paraty, no Rio de Janeiro, que acabou no início da noite deste domingo (5). Com seu menor orçamento em dez anos, de R$ 7,4 milhões, show de abertura menos estrelado, capitaneado pelo paratiense Luís Perequê, e desfalcado de última hora da maior atração, o italiano Roberto Saviano, a Flip teve uma edição bem-sucedida, com momentos memoráveis.

Autores até então pouco conhecidos no Brasil, como a poeta portuguesa Matilde Campilho e o dramaturgo britânico David Hare, saíram consagrados da Tenda dos Autores, que ficou cheia em quase todas as mesas, apesar da cidade mais vazia - era possível encontrar placas de vagas disponíveis em pousadas, algo impensável em edições anteriores.

O tradutor e editor Paulo Werneck, curador da programação literária, creditou as mesas mais concorridas a um esforço para "reunir autores que têm destaque e ajudam a levar o público para conhecer o outro autor". De todo modo, mais ingressos foram colocados à venda - houve uma mesa a mais e, num ano de crise, diminuiu a cota para patrocinadores. Neste ano, foram 14.900 ingressos vendidos, ante 13 mil em 2014.

Parte dos momentos de destaque da festa esteve nos debates sobre Mário de Andrade, homenageado desta edição, como na mesa em que o jornalista Roberto Pompeu de Toledo e o ensaísta Carlos Augusto Calil trataram da São Paulo do modernista, ou na divertida conversa entre o pesquisador José Ramos Tinhorão e o compositor Hermínio Bello de Carvalho.

As mesas no horário das 21h30, na faixa de debates que Werneck definiu como "sexo, letras e rock'n'roll", conseguiram atrair a atenção num período em que o público geralmente está mais preocupado em garantir uma mesa nos restaurantes da cidade.

O ponto alto ficou com o escritor Reinaldo Moraes, que "psicografou" Machado de Assis numa versão de "Memórias Póstumas de Brás Cubas" lida durante debate com a professora da USP Eliane Robert Moraes. "Chamei Virgília na chincha [...]. Aproveitei para tacar-lhe a mão em sua fornida retaguarda", começava o texto, descrevendo uma cena de sexo oral entre Brás Cubas e sua amante.

Apesar da cidade mais vazia, o arquiteto Mauro Munhoz, diretor-presidente da Casa Azul, instituição que organiza a Flip, disse acreditar que o público permaneça nos 25 mil de edições anteriores. "O que a gente viu foi que a crise não é uma coisa que impacta tanto um evento como a Flip", afirmou ele.

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