Um ano e meio depois do lançamento da FabNS - Fábrica de Nanossoluções, a empresa mineira de base científico-tecnológica exportará o primeiro nanoscópio. Na próxima segunda-feira (6/11), o equipamento que possibilita analisar e manipular estruturas dez mil vezes menores que a espessura de um fio de cabelo - desenvolvido por um grupo de egressos da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)- irá embarcar para a Alemanha.

O instrumento científico viabiliza a aplicação da nanotecnologia em áreas diversas, como medicina, agricultura, energia e materiais. Por isso, a Universidade Humboldt de Berlim - a mais antiga da capital alemã - decidiu incorporar o equipamento ao seu centro de estudo e pesquisa.

“Essa exportação é como um reconhecimento, uma forma de atestar e comprovar a qualidade do produto. Por tanto tempo, o Brasil dependeu de tecnologia estrangeira para desenvolver pesquisas. Agora o que a gente faz é virar um pouco esse jogo. Isso é muito importante para Minas e para o Brasil,” descreve um dos sócios e diretor de tecnologia da FabNS, Cassiano Rabelo.

De acordo com o sócio, a empresa já tem outras três vendas engatilhadas para instituições do Brasil e cotações enviadas para outros países. Além disso, a FabNS adicionou ao portfólio mais duas verticais, uma de software de análise de dados científicos, e outra de serviços de caracterização, para atender a indústria com um suporte ao P&D.

“O surgimento de empresas como a FabNS fornece novas perspectivas para uma mão de obra altamente qualificada, formada aqui no Estado, que pode explorar o máximo de suas capacidades no mercado local sem ter que buscar oportunidades no exterior,” destaca o também sócio, Hudson Miranda.

Atualmente, o instrumento batizado de Porto possui 16 patentes no Brasil, na China, Europa e nos EUA. Para chegar ao ponto de ser exportado, o equipamento percorreu uma rota de quase 20 anos, que envolveu pesquisa, desenvolvimento, investimento público, para chegar na estruturação da linha de estudo, na consolidação das técnicas, e finalmente na concepção do produto.

A FabNS, sediada no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC), possui outros dois sócios: o Diretor Comercial da empresa Taiguara Tupinambás, mestre em Engenharia Elétrica e Thiago Vasconcelos, doutor em Física. A empresa é uma spin-off (instituição criada a partir de uma organização existente), do Laboratório de Nanoespectroscopia do Departamento de Física (LabNS) do Instituto de Ciências Exatas (ICEx) da UFMG.

Reconhecimento

Em 2021, o nanoscópio possibilitou a realização de uma pesquisa que ganhou destaque na capa da revista científica Nature. O instrumento possibilitou o entendimento do grafeno - uma das formas cristalinas do carbono - como supercondutor, material que conduz eletricidade sem qualquer resistência.