SÃO PAULO " Os corpos do comandante Decio Chaves Junior e o do co-piloto Thiago Jordão Caruso, profissionais responsáveis pela condução do vôo 1907, que caiu em uma região de mata fechada em Mato Grosso na última sexta-feira, foram encontrados ontem, conforme nota divulgada pela própria companhia aérea.

Na nota, o vice-presidente técnico da empresa, comandante David Barioni Neto, disse ter "certeza absoluta de que fizeram tudo que era possível para salvar a vida de todos os que estavam a bordo do vôo 1907".

De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os corpos dos dois profissionais foram achados dentro da cabine do avião.

Anteontem, a Força Aérea Brasileira (FAB), que comanda as operações de busca e resgate dos corpos dos 155 ocupantes do Boeing 737-800, disse ter encontrado cerca de cem deles na cauda do avião.

Grande parte deles foi mutilada. Para chegar ao local, que é de difícil acesso, as equipes tiveram que abrir uma clareira e descer em pára-quedas.

Militares que estiveram no local do acidente são unânimes em dizer que a destruição foi enorme. No domingo, a área em que as buscas estão sendo realizadas foi aumentada de 10 quilômetros quadrados para 20. O resgate dos corpos deverá durar ao menos uma semana.

Operação
O Super Puma da Aeronáutica chegou à fazenda Jarinã às 17h15, em Peixoto, trazendo pendurada uma imensa rede de corda de náilon com 19 corpos de vítimas do acidente.

Embalados em sacos pretos, os corpos foram colocados no caminhão, à temperatura de 10 graus, por 18 homens do Corpo de Bombeiros de Sinop, a 500 quilômetros da fazenda.

Até as 16h40, quando o avião decolou, não havia confirmação se os corpos seriam levados ontem mesmo de avião para o IML de Brasília, onde serão liberados. O dia amanheceu encoberto, o que obrigou a FAB a esperar duas horas para iniciar o resgate.

Às 8h, o primeiro helicóptero saiu rumo ao local do acidente, com homens do ParaSar para ajudar nos trabalhos. Peritos do IML de Brasília fizeram a primeira etapa de identificação das vítimas na selva. Fotografaram os corpos com uma placa para que tivessem um número de identificação.

Na fazenda, recolheram material para exames de impressões digitais com tinta ou retirando um pedaço da pele. Também coletaram tecidos para exames de DNA, caso seja necessário. Para a fazenda, foram levados 19 corpos, que iriam passar a noite no caminhão.

Não havia previsão para levá-los para Brasília. Hoje, peritos do IML vão fazer exames de digitais e DNA nos corpos dentro do próprio caminhão.

A perícia corre contra o tempo para conseguir o máximo de informações para identificar as pessoas pelas digitais ou pelos dentes. Há corpos que, por causa do impacto da queda, afundaram cerca de 30 centímetros no solo de vegetais e podem ficar cobertos.