saúde

Dia Mundial do Câncer: é possível evitar e detectar o tumor de forma precoce?

Estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) é que, até 2025, o Brasil deverá registrar — por ano — 704 mil novos casos dos vários tipos da doença

Por Nubya Oliveira
Publicado em 04 de fevereiro de 2024 | 06:00
 
 
 
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Quando se fala em câncer é quase impossível não se esbarrar no que se refere ao diagnóstico precoce. Mas, aí surge a dúvida: é possível identificar a propensão de se desenvolver algum tipo de tumor bem antes de ele se manifestar ou potencializar? Essa preocupação se torna ainda mais relevante, quando se observa a estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que, até 2025, o Brasil deverá registrar 704 mil novos casos de câncer por ano. 

Segundo o instituto, o tumor maligno mais incidente na população brasileira continuará sendo o de pele não melanoma. O levantamento destaca que o câncer de mama — o primeiro mais incidente nas mulheres — deverá provocar 74 mil novos casos anualmente no triênio 2023-2025. Já o de próstata  — o primeiro mais recorrente nos homens — totalizará 72 mil diagnósticos. 

Diante dessas expectativas, e com o Dia Mundial de Combate ao Câncer  — celebrado neste 4 de fevereiro  —  como pano de fundo, o oncologista clínico e coordenador do Hospital Integrado do Câncer Mater Dei, de Salvador (BA), Cleydson Santos, detalhou as formas de diagnóstico precoce e de prevenção, que podem ajudar a população a se cuidar para não fazer parte das estatísticas. 

Conforme o especialista, os exames genéticos para rastreamento são interessantes, mas não são validados para usar no público em geral. “Eles são realizados somente em pacientes já diagnosticados com câncer, normalmente nos mais jovens, ou nas pessoas que tenham um histórico familiar de recorrentes tumores malignos,” afirma. 

Já em relação aos demais testes para investigar a presença do câncer, o médico destaca que eles são utilizados com o intuito de detectar a doença em seu estágio inicial. “A mamografia, por exemplo, é uma forma de identificar o tumor de mama; o exame de toque e retal de PSA, para o de próstata; a colonoscopia, para o de colorretal; o preventivo, para câncer de colo uterino, dentre outros.” 

Caminhos para prevenção 

O oncologista chama atenção para uma preocupação muito comum entre as pessoas: se o câncer é hereditário. “Apenas 10% dos tumores são passados de pai para filhos. Os outros 90% são esporádicos, ou seja, se desenvolveram por outros fatores. Outro ponto importante é que cerca de 50% dos casos poderiam ser evitados,” alerta Cleydson.

Sobre as formas de prevenção, o médico lista algumas práticas que contribuem para minimizar as chances de um diagnóstico de câncer maligno: 

  • abandono do tabagismo: o hábito de fumar cigarro está relacionado ao câncer de pulmão, esôfago, bexiga, dentre outros;
  • consumo moderado de bebida alcoólica: quem ingere álcool com frequência aumenta o risco de desenvolver diferentes tipos de tumor como o de fígado, faringe, laringe, esôfago, e outros;
  • prática regular de atividade física: cerca de 150 minutos de exercícios aeróbicos por semana previne a obesidade, que está ligada a vários tumores, como de mama, intestino, etc;
  • dosar a ingestão de alimentos industrializados: o consumo em excesso de enlatados e ultraprocessados, assim como de açúcar, aumentam o risco de câncer de intestino, de esôfago, estômago, dentre outros;
  • uso de protetor solar: evitar tomar sol das 10h às 16h, reduz as chances de ser diagnosticado com câncer de pele (o mais comum no Brasil);
  • utilização de preservativos nas relações sexuais: alguns vírus trasnmitidos durante o sexo desprotegido podem desencadear tumores. O HIV, por exemplo, pode causar leucemia e outros cânceres de linfomas. Já o HPV pode potencializar o de colo de útero;
  • vacinação: a imunização contra a Hepatite B e o HPV reduz as possibilidade de câncer de fígado e de colo de útero, respectivamente.

A imunização aliada a ampliação do rastreamento na saúde básica são fundamentais para a prevenção e para o diagnóstico precoce do câncer, segundo o especialista. “As pessoas precisam entender o impacto disso e saber ainda que os números são subestimados. Mas apesar disso, e, ao contrário de antigamente, os tumores não são uma sentença de morte, porque a qualidade dos tratamentos e cirurgias melhoraram muito,” finaliza Cleydson.

 

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