O Dia Nacional de Paralisação tem confrontos entre manifestantes e policiais e complicações no trânsito das cidades e de rodovias em São Paulo, Vitória (ES) e Brasília, na manhã desta quarta-feira (15). Em Porto Alegre (RS) e Salvador (BA) trabalhadores também aderiram ao movimento.
Os manifestantes contrários ao Projeto de Lei 4.330/2004, que regulamenta as atividades de terceirização no país, bloqueiam três rodovias em São Paulo. Os atos foram convocados por centrais sindicais de todo o país.
A interdição na pista expressa da Rodovia Anhanguera, que liga a capital ao interior do Estado, ocorre na altura do quilômetro 19. Segundo a concessionária AutoBan, um grupo de 100 pessoas que ocupa todas as faixas no sentido capital paulista desde as 7h colocou fogo em pneus. Os manifestantes fazem parte do Movimento Luta Popular e são moradores da Ocupação Esperança.
Na Via Anchieta, o protesto causa bloqueio na pista marginal, sentido litoral, na altura do quilômetro 15. A Ecovias, concessionária que administra a rodovia, informou que os motoristas são desviados para a pista central, no quilômetro 13.
A Via Dutra, que liga São Paulo ao Rio de Janeiro, teve o tráfego bloqueado na pista marginal, altura da cidade de Guarulhos, até as 6h30. O trânsito foi parado por 30 minutos, o que ainda gera lentidão na chegada à Marginal Tietê, na capital paulista.
No centro do Espírito Santo, a Polícia Militar utilizou bombas de efeito moral para conter os manifestantes. Por volta de 5h30, grupos colocaram fogo em pneus na subida da Terceira Ponte no sentido Vitória e próximo a Segunda Ponte, na capital do Espírito Santo. Há registros de interdição na BR-101, próximo ao Apart Hospital. Às 6h30, a Terceira Ponte foi completamente bloqueada.
Apesar das vias livres, a população não encontrou muitos ônibus na Grande Vitória. Os rodoviários aderiram à paralisação e os coletivos não saíram da garagens na manhã desta quarta-feira.
No Distrito Federal, mais de 10 mil motoristas e cobradores do Distrito Federal paralisaram os serviços entre as 4h e 6h desta quarta-feira (15) em protesto contra o projeto de lei que regulamenta os contratos terceirizados no Brasil. De acordo com o sindicato da categoria, os rodoviários pertencem às cinco empresas que rodam na capital federal.
Em Porto Alegre, rodoviários, metroviários, bancários, professores da rede estadual e serviços de saúde também devem aderir ao movimento ao longo do dia e cruzaram os braços.
A capital da Bahia amanheceu sem circulação de ônibus. Além dos rodoviários, bancários e professores também paralisaram as atividades nesta quarta-feira.
Em Belo Horizonte (MG), houve a interdição de duas avenidas na região metropolitana na madrugada e metalúrgico caminharam pela BR-381 até a porta da refinaria Gabriel Passos e encontraram com petroleiros, que iniciaram paralisação de 24 horas.
Protestos mais tarde
Paralisações parciais devem ocorrer ainda em quatro montadoras do ABC paulista -Ford, Mercedes-Benz, Scania e Volkswagen- e em fábricas de São José dos Campos e outras cidades do interior de SP.
Na capital paulista, uma concentração está prevista para ocorrer às 15h desta quarta-feira em frente à sede da Fiesp, federação que representa as indústrias de São Paulo, na avenida Paulista.
Segundo dirigentes da CUT, bonecos que representam políticos que estão "trabalhando" para aprovar o projeto serão queimados durante a manifestação.
Devem participar do protesto militantes ligados a movimentos por moradia -como a CMP (Central dos Movimentos Populares)- que farão uma caminhada até a sede da Caixa, em São Paulo.
No largo da Batata, manifestantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e outros movimentos sociais devem chegar em passeata e se juntar ao ato na Paulista.
Adesão
De acordo com Eduardo Guterra, presidente da Federação Nacional dos Portuários e dirigente da CUT, os trabalhadores dos portos de Santos, Rio, Vitória, Salvador, Recife, Rio Grande e Belém decidiram que devem fazer operação padrão e atos públicos em frente às empresas portuárias para marcar o dia de protesto.
Segundo José Maria de Almeida, integrante da coordenação do Conlutas, além dos metalúrgicos do interior paulista, representados pela central, operários da construção civil de Fortaleza e Belém e motoristas de ônibus do Ceará também devem aderir aos protestos desta quarta-feira.
Entre os petroleiros, pode haver paralisação ainda na refinaria de Paulínia (SP).
Motivos
As centrais e movimentos populares entendem que, com a aprovação do projeto de lei, o trabalhador contratado diretamente por uma empresa poderá ser demitido para que um terceirizado seja contratado, "com diminuição de salários, de direitos e aumento da jornada de trabalho".
Já as entidades empresariais e defensores do projeto informam que haverá mais segurança jurídica para as empresas contratarem e maior proteção social aos terceirizados. O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que o projeto " não traz benefícios nem para a economia brasileira nem para os trabalhadores".
De acordo com o sindicalista, "ele garante única e exclusivamente tranquilidade jurídica porque o projeto impede ações na Justiça e muito mais lucros para os empresários".