Sem trégua

Doria amplia quarentena até 22 de abril e diz que PM dissipará aglomerações

Governador ouviu médicos para tomar decisão e ainda usou ministros populares para atacar postura de Bolsonaro

Por MÔNICA BERGAMO (FOLHAPRESS)
Publicado em 06 de abril de 2020 | 13:21
 
 
 
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O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), em um discurso politizado, anunciou que vai renovar a quarentena no estado por mais 15 dias, após ouvir conselhos dos médicos.

O anúncio foi feito nesta segunda-feira (6) no Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, em entrevista coletiva que o tucano dá diariamente. Doria também afirmou que as guarda-civis e Polícia Militar serão usados para dissipar aglomerações, se necessário.

O tucano mais uma vez se contrapôs a Bolsonaro, dessa vez afirmando que várias pessoas do governo, com exceção do presidente, são favoráveis ao isolamento.

"No Brasil defendem isolamento o ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta, o ministro da Justiça, Sergio Moro, o ministro da Fazenda, Paulo Guedes, o vice-presidente Hamilton Mourão", disse Doria.

"Será que todos eles estão errados? Será que a ciência mundial está errada?", disse o tucano. "Será que um único presidente da República no mundo é o certo? É quem detém o poder, a ciência, para discordar do mundo?".

O novo período de quarentena vai até 22 de abril. Para embasar as decisões, Doria trouxe médicos para dar depoimentos sobre o assunto.

"Se não houvesse nenhum tipo de medida, teriamos 277 mil mortos. Com as medidas vamos reduzir em 166 mil mortes", disse Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, sobre um cenário para 180 dias.

De volta ao trabalho, após se recuperar de coronavírus, o infectologista fez um depoimento sobre a sua experiência. "Foi um sentimento muito angustiante. você ir dormir não sabendo como acordar. Felizmente, Deus me ajudou e eu venci a quarentena", disse.

Uip foi aplaudido pelos presentes no Palácio dos Bandeirantes.

Doria decretou quarentena a partir do dia 24 de março, como medida de combate à pandemia de coronavírus.

A medida implica o fechamento obrigatório de todo o comércio e serviços não essenciais — lojas, bares, cafés e restaurantes devem fechar as portas. Restaurantes continuarão vendendo no sistema delivery.

Um decreto será publicado detalhando o assunto nos próximos dias.

Doria toma a medida um dia depois de a Justiça proibir cultos e obrigar a fiscalização, sob pena de multa e interdição, de comércios que permaneçam abertos. Ele também adotou, novamente, tom crítico ao presidente Jair Bolsonaro.

Na saúde, ficam abertos hospitais, clínicas, farmácias e clínicas odontológicas. Na área de alimentação, supermercados, padarias e açougues. No caso das padarias, Doria disse que poderão vender os produtos (como pão), mas não alimentos preparados (refeições, por exemplo).

Permanecem abertos ainda transportadoras, postos de gasolina, oficinas de automóveis e motocicletas, serviços de transporte público, táxis, aplicativos de transporte, call center, lojas de pet shop e bancas de jornais. Bancos, serviços bancários, incluindo lotéricas, seguem funcionando.

O que fecha:

Bares, restaurantes, lojas de varejo, hotéis e hostels (para novos hóspedes), salão de cabeleireiro, material de construção, baladas, casas noturnas e boates, sorveterias, LAN house, estabelecimentos de ensino, como escolas de música.

O que abre:

Indústria, segurança (pública e privada), limpeza, manutenção e zeladoria, hospitais, clínicas, farmácias, lavanderias, clínicas odontológicas, supermercados, hipermercados, feiras de rua, padarias, açougues, transportadoras, postos de gasolina, oficinas de automóveis e motocicletas, ônibus, trem, metrô, táxis, aplicativos de transporte, call center, pet shop, bancas de jornais, bancos e lotéricas.

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