Resposta

Durante pronunciamento, Dilma apoia protestos, condena violência e propõe pacto

A presidente pontuou a primeira vitória da voz que vem das ruas, mencionando a redução das tarifas do transporte público em muitas cidades brasileiras

Por Gustavo Lameira
Publicado em 21 de junho de 2013 | 21:20
 
 
 
normal

A presidente Dilma Rousseff (PT) falou, na noite desta sexta (21), aos brasileiros pela primeira vez após o início dos protestos. Ela condenou a violência, fez questão de ressaltar que está ouvindo as vozes das ruas, se comprometeu com uma reforma política e propôs um pacto com governadores, prefeitos e as instituições dos Três Poderes para atender às demandas dos movimentos. "Se aproveitarmos bem o impulso desta nova energia política, poderemos fazer, melhor e mais rápido muita coisa que o Brasil ainda não conseguiu realizar por causa de limitações políticas e econômicas. Mas se deixarmos que a violência nos faça perder o rumo, estaremos desperdiçando uma grande oportunidade histórica".

Durante dez minutos, em cadeia nacional de rádio e TV, Dilma mostrou uma certa tranquilidade para falar sobre a maior crise de seu governo. Ela disse que não aceitará a violência e usará de todos os recursos legais para garantir a segurança e ainda deixou claro que não pretende desistir de realizar a Copa do Mundo.

A presidente também garantiu que vai receber os líderes dos protestos e mandou um recado aos manifestantes. Lembrando a luta contra a ditadura, ela disse que a democracia não existe sem os partidos políticos e anunciou algumas medidas já de conhecimento público, como a implementação do Plano Nacional de Mobilidade Urbana, a aplicação integral de recursos dos royalties do petróleo na educação e contratação de médicos do exterior.

A petista ainda destacou os seus esforços para dar mais transparência às ações o governo e reconheceu que a corrupção é o motivo da insatisfação. A presidente pontuou a primeira vitória da voz que vem das ruas, ao mencionar a redução das tarifas do transporte público em muitas das cidades brasileiras e ainda assumiu o compromisso, com a população, de se reunir com os chefes dos Poderes e com os governos, em todas as esferas, para dar continuidade à avaliação e resolução das pautas.

Sobre o dinheiro gasto na construção e reforma dos estádios para as copas das Confederações e do Mundo, a presidente explicou que os recursos para os financiamentos são de bancos oficiais, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a empresas e aos governos, e não oriundos da saúde e educação.

A presidente ainda lembrou o tratamento especial que a seleção brasileira, pentacampeã, teve em todos os países onde jogou, e pediu à nação o mesmo tratamento para os visitantes.

Antes da decisão de fazer um pronunciamento, a presidente se reuniu com ministros, falou por telefone com governadores e prefeitos e, no fim da tarde, recebeu o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Raymundo Damasceno. Antes do encontro, dom Raymundo disse que esperava que Dilma se manifestasse sobre a onda de protestos violentos.

Mais cedo, a CNBB divulgou nota sobre as manifestações em todo o país. A entidade declarou solidariedade e apoio às manifestações, mas condenou a violência. “As manifestações têm nosso apoio e nossa solidariedade. O que rejeitamos é a depredação do patrimônio público e privado. É preciso respeitar o direito de ir e vir das pessoas”, disse Damasceno, que estimulou a sociedade a participar desses atos.


Ministros

A presidente realizou ao longo desta sexta (21) reuniões setoriais para discutir as ações e providências do governo em função das manifestações. Pela manhã, ela recebeu os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo (PT), e do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB), para discutir os excessos e a segurança durante a Copa das Confederações. Depois, ela se reuniu com o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, para ter retorno sobre o diálogo junto aos movimentos sociais. Em seguida, ela se encontrou com os ministros da Educação, Aloizio Mercadante, e da Casa Civil, Gleisi Hoffmann. Dilma também conversou com outros ministros e líderes de partidos.

 

 

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!