CARNAVAL EM PERNAMBUCO

Galo da Madrugada espanta crise e mosquito com frevo

Ao todo, 30 trios desfilaram pelas ruas de Recife neste sábado (6) com artistas como Gaby Amarantos, Maestro Forró, Otto, Luiza Possi e Ayrton Montarroyos

Por JOANA SUAREZ
Publicado em 06 de fevereiro de 2016 | 18:27
 
 
 
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Se foi o maior bloco do mundo este ano não da para saber, mas que é o melhor para quem estava lá curtindo, isso com certeza! Bastava reparar que mesmo no calor, no suor e no imprensado, o sorriso estava no rosto e o frevo no pé no Galo da Madrugada, neste sábado (6), no Recife. O frevo aliás realmente "entra na cabeça, depois toma o corpo e acaba no pé", como diz a música.

Os 30 trios que desfilaram no maior ou melhor, como queiram, bloco do mundo, só tocam o ritmo pernambucano, com exceção, neste ano, em homenagem ao aniversário de 50 do já falecido Chico Science, tocou o mangue beat, porque "uma cerveja antes do almoço é muito bom, pra ficar pensando melhor"... E foi bem antes da refeição do 12h que o Galo começou a percorrer as ruas de seis bairros da região central do Recife. Às 9h da matina já tinha um monte de folião querendo ouvir: "Ei pessoal, ei moçada, Carnaval começa no Galo da madrugada". Começou, mas foi tocando repetidas vezes: "Ai que calor ô ô, ai que calor ô ô ô", pra fazer jus aos 30 graus de temperatura com o sol rachando no quengo (cabeça, para os nordestinos).

Os mais de mil artistas (Gaby Amarantos, Maestro Forró, Otto, Luiza Possi e Ayrton Montarroyos, pernambucano que participou do The Voice Brasil, Almir Rouche e Geraldinho Lins, foram alguns deles) que se apresentaram no Galo e fizeram questão de valorizar a cultura local e embalar o povo por mais de oito horas. Os números desse bloco são de impressionar, além dos músicos, 4 mil pessoas trabalham para a festa acontecer. Sem falar dos mais de 2 milhões de foliões que mostram que se trata de uma folia popular e democrática. Mas esse Galão, o verdadeiro da massa, já foi um pintinho há 39 anos no seu primeiro desfile com poucos foliões. Quem sabe isso não significa que um dia os blocos de Belo Horizonte vão se tornar um Galo da Madrugada com mais de 1 milhão de festeiros.

"Nunca imaginei que o Galo chegaria nisso... se eu soubesse teria desistido", brinca o presidente do bloco, Rômulo Meneses mas confessa que o Carnaval é hoje um grande negócio. E nem mosquito espanta. Segundo o ele, todo o trajeto do desfile foi pulverizado com remédio para evitar o Aedes aegypti. Assim mesmo, para garantir, houve gente que se fantasiou com um mosqueteiro tabajara pra espantar o Zika vírus.

E para driblar a crise? "A gente mostra que o carnaval é maior e homenageia Chico Science que é muito ligado a periferia e ajudou a trazer a multidão", complementa Meneses.  O bom do Galo é que tem espaço pra quem quer curtir a folia de graça do lado dos trios e para quem quer pagar pelo conforto dos camarotes, que nos últimos anos se espalharam durante todo o trajeto do bloco. Lá, as opções são também musicais, você escolhe se quer ouvir o trio de um lado, do outro, do quem vem logo em seguida ou o som dentro do camarote. Sem música ninguém fica em Recife e, mais uma vez, será esse o futuro do carnaval de Belô? Pelo menos já começou a colocar trios nas ruas... Mas ainda tem muito caminho pela frente, aumentando cada vez mais a emoção.

*A repórter viajou a convite do governo de Pernambuco

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