Inspiração

Homem diarista faz sucesso no Twitter ao falar sobre faxinas

Tiago Haka ficou desempregado e começou a trabalhar com limpeza de casa durante a pandemia

Por Laura Maria
Publicado em 01 de julho de 2022 | 13:05
 
 
 
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Há dois anos, o brasiliense Tiago Haka, de 35 anos, se viu desempregado assim como tantos brasileiros que perderam seu trabalho por causa da pandemia. Com as contas chegando, ele precisava de uma solução rápida. “Fazer faxina”, pensou. Mas logo vieram as ressalvas. “E se não gostarem pelo fato de ser homem? Muitas mulheres podem não querer me contratar. E se eu não quiserem contratar pela falta de experiência?”, imaginou.

Ainda assim, ele resolveu se arriscar. Fez um banner com algumas informações e começou a divulgar nas redes sociais. Inicialmente, os amigos o contratavam. Depois, os amigos dos amigos. Agora, com mais de 20 mil seguidores no Twitter, o trabalho não falta. 

O que faltava, aliás, era alguém para falar desse assunto na rede social. Ele sempre usou muito o Twitter. Então, quando surgia alguma dúvida em relação a algum produto ou sobre a limpeza, ia para rede buscar informações, mas nunca encontrava nada muito consistente lá. “No Twitter, percebi que não tinha fio sobre limpeza, e os profissionais dessa área não eram assíduos”, comenta Haka, que não tinha qualquer intenção de viralizar o conteúdo. 

Mesmo assim, ele começou a produzir conteúdos a respeito, dando dicas de produtos de limpeza. “Dou dicas sobre tudo o que aprendi nesse processo de faxina. O fio funciona como uma mesa de bar, onde converso sobre limpeza”, afirma.

Estigma social

O diarista, que está concluindo a graduação em marketing digital, percebeu um estigma social quando começou a trabalhar, especialmente porque a profissão está relacionada a mulheres pretas. “Mas eu, como homem, sempre busquei levar essa profissão como qualquer outra. No momento em que eu estava precisando, foi o que me abriu as portas”, afirma.  

Além disso, ele afirma que a sua orientação sexual o ajuda a conseguir as faxinas. “Muitas clientes se sentem confortáveis por eu ser gay. Muitas falam isso”, comenta.

Morando em São Paulo há sete anos, Haka conta que trabalha no mínimo quatro horas por dia, e, oito, no máximo. Ele combina os preços com os clientes a depender do tamanho da casa ou do grau de dificuldade. “Negocio os preços pelo WhatsApp, e, baseado nas informações que me passam, vou cumprindo o que o cliente pede”, afirma. 

Faxina abriu portas

Além de conseguir pagar as contas, o dinheiro da faxina começou a abrir portas para Haka. Daqui dois anos, ele vai fazer intercâmbio na Irlanda para melhorar o inglês. Tudo pago com o que recebe a cada limpeza diária. 

“Eu já vinha separando dinheiro. Até que, no dia 5 de maio, usei R$ 1.500 para dar entrada em uma escola de inglês na Irlanda”, conta. “Sempre quis estudar inglês, e, tendo contato 24 horas do dia com o idioma, conseguirei”, comenta.

 

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