São Paulo. O porta-voz do Ministério Público da Suíça, Rainer Angst, confirmou ontem que a confissão da brasileira Paula Oliveira feita à polícia no dia 13 de fevereiro - negando que tenha sido atacada por um grupo de neonazistas - não pode ser utilizada como prova no inquérito aberto contra ela.
A informação tinha sido declarada anteontem à BBC Brasil pelo advogado de Paula, Roger Müller. "Realmente, como disse o advogado dela de forma resumida, a Justiça suíça só considera válida uma confissão feita perante um promotor público, o que não aconteceu", explicou Rainer Angst.
A confissão de Paula foi feita apenas à polícia de Zurique. Segundo o advogado dela, Paula deve prestar novo depoimento à Promotoria nos próximos dias. Angst lembrou, no entanto, que o eventual depoimento de Paula não será o único elemento a ser considerado no processo. "Ela é livre para falar o que quiser, mas as afirmações dessa mulher até o momento foram contraditórias. Primeiramente, ela disse ter sido atacada, que estava grávida e que foi ferida por três neonazistas. Depois, ela afirmou que nada disso era verdade."
De acordo com Angst, a Justiça terá "que avaliar se o que ela falar no interrogatório coincide com as outras provas já obtidas". Ele referiu-se aos resultados de exames laboratoriais e ginecológicos que indicaram que Paula não estava grávida e que ela mesma poderia ter feito os ferimentos no próprio corpo.