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'Não consigo cruzar, tá tudo fechado', disse piloto de helicóptero que sumiu

Aeronave com três ocupantes desapareceu na tarde de 31 de dezembro durante uma viagem de São Paulo para Ilhabela, no litoral norte

Por Agências
Publicado em 02 de janeiro de 2024 | 20:56
 
 
 

O piloto responsável pela condução do helicóptero que desapareceu na tarde de 31 de dezembro durante uma viagem de São Paulo para Ilhabela, no litoral norte, reportou por telefone ao dono de um heliponto que estava com dificuldade para cruzar a serra do Mar devido à falta de visibilidade pelo mau tempo.

Além do piloto, havia três passageiros a bordo da aeronave, entre elas a vendedora de roupas Luciana Marley Rodzewics Santos, 46, e a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, 20.

A reportagem obteve dois áudios da conversa entre o piloto, identificado como Cassiano, e Jorge Maroum, dono do heliponto Maroum, em Ilhabela, onde o helicóptero deveria ter pousado.

Durante o voo o piloto entrou em contato com Maroun solicitando que ele providenciasse um táxi para buscar os passageiros após o pouso no litoral. Pouco depois, o piloto e o dono do heliponto passaram a conversar sobre as condições meteorológicas que haviam atrasado a chegada do grupo.

"Eu estou na fazendinha, mas não estou conseguindo cruzar, tá tudo fechado, tá colado [quando a camada de nuvem está 'colada' ao chão, impedindo visão horizontal e vertical]", relatou o piloto.

Segundo Maroun, fazendinha é como os pilotos costumam chamar uma parte mais baixa da Serra do Mar, antes da chegada a Caraguatatuba, na mesma região.

Para Maroun, cercado pela neblina o piloto pode ter tido uma "desorientação espacial". "Como se estivesse num labirinto", disse. Ele conversou com a reportagem e afirmou que naquela tarde o tempo estava bom em Ilhabela. "O problema é cruzar a serra, é o ponto crítico", disse.

As más condições do tempo na serra foram narradas por Letícia, que relatou ao namorado um pouso de emergência em uma área de mata.

"Pousamos" e "No meio do mato" foram as mensagens enviadas por Letícia. O namorado então teria perguntado o local do pouso, e Letícia respondeu não saber.

Por volta das 14h, a jovem enviou um vídeo que mostrava forte neblina ao redor da aeronave. "Tá perigoso. Muita neblina. Eu estou voltando". Esse contato teria sido feito após o pouso de emergência.

"Foi a última mensagem que minha sobrinha enviou para o namorado", disse a irmã de Luciana e tia de Letícia, a gerente de vendas Silvia Santos, 43.

No vídeo, é possível ver o helicóptero cercado de neblina. Nos dois assentos da frente estão o outro passageiro (à esquerda) e o piloto da aeronave (à direita).

As buscas estão concentradas na Serra do Mar, entre cidades do interior e do litoral. A FAB utiliza um avião, enquanto a PM realiza voos com um helicóptero Águia.

 

Segundo a Defesa Civil estadual, até as 14h40 desta terça (2) não havia notícias sobre o paradeiro da aeronave.

(Paulo Eduardo Dias / Folhapress)

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