Internado em estado grave

'Não justifica o que ele fez', diz irmã de entregador baleado por PM no RJ

Stefany de Oliveira diz que espera por justiça

Por Agências
Publicado em 05 de março de 2024 | 18:48
 
 
 
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A irmã do entregador baleado após um policial militar ter se recusado a descer para buscar o pedido na portaria afirmou que não há justificativa para o que aconteceu. O caso ocorreu na noite de segunda-feira (4), na Vila Valqueire, zona oeste do Rio de Janeiro.

A irmã definiu como "injustiça o que o policial fez" com o trabalhador. Nesta manhã (5), Stefany de Oliveira foi até a lanchonete onde ocorreu parte da confusão para obter mais informações sobre o que aconteceu com o irmão, identificado como Nilton Ramon de Oliveira. O entregador está internado em estado grave, apurou a reportagem.

 

Stefany diz que espera por justiça. "Esperamos que ele [policial] tenha uma punição e vamos ver, né, se essa lei vai existir, vai ser aplicada aqui porque não justifica o que ele fez", disse a irmã do entregador ao RJ1, da TV Globo.

O tio do entregador também lamentou o caso. O homem, que pediu para não ser identificado, disse à Super Rádio Tupi: "Meu sobrinho vai ser só mais um. Espero que seja com ele vivo, porque se ele morrer, acabou a família".

Entenda o caso

O policial militar e a esposa dele fizeram um pedido de comida por aplicativo, que foi entregue por Nilton. Após a chegada da encomenda, o agente e a mulher teriam se recusado a descer para buscá-la, e o entregador informou que não iria subir até o apartamento deles, porque não fazia parte de seu trabalho. As autoridades não divulgaram a identidade do agente.

Como o PM não desceu, o entregador fez os trâmites de devolução do produto e retornou para o estabelecimento onde a compra foi feita, quando foi abordado pelo cliente, na praça Saiqui.

Imagens feitas por Nilton mostram ele e o suspeito discutindo. O agente está armado e questiona por que o entregador está "com a mão na cintura". O jovem nega que esteja armado, levanta a camisa e fala: "Tô armado não, filho. Sou trabalhador".

Em seguida, o jovem diz estar sendo ameaçado pelo policial. "Ele está tentando me agredir. Mostrou a arma na minha cara. Tira a arma e faz na mão", falou o trabalhador.

O agente rebate o entregador e diz que ele teria sido mal-educado com a esposa dele. "Trabalhador o caralh*. Minha mulher te tratou com maior educação, vai tomar no seu c*. Seja educado. Não se propõe a fazer entrega? Então seja educado. Minha mulher tem 42 anos e te respondeu na maior educação", disse o PM.

Posteriormente, é possível ver Nilton caído no chão, ensanguentado, baleado na perna. Ele foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros e levado ao Hospital Municipal Salgado Filho, no Méier. A Secretaria Municipal de Saúde confirmou que o trabalhador está internado em estado grave.

O policial se apresentou na delegacia, prestou depoimento no 32º DP de Taquara e foi liberado em seguida. O policial alegou ter agido em legítima defesa. Não foi informado se ele teve a arma apreendida. O caso é investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Em nota, a Polícia Militar informou que a Corregedoria vai apurar o caso. Segundo a corporação, um procedimento para averiguar as circunstâncias do fato e que ocorrência está em andamento.

A reportagem não conseguiu localizar o agente ou sua defesa para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

IFood bane PM da plataforma e diz que Nilton agiu corretamente

Em nota à reportagem, o iFood informou que a conta do PM foi banida da plataforma. Afirmando "não tolerar qualquer tipo de violência contra os entregadores parceiros", a plataforma disse que o entregador está recebendo apoio jurídico, por meio da atuação de uma advogada do coletivo de defensoras Black Sisters in Law, que acompanhará todo o processo jurídico do caso.

"Nilton agiu corretamente", diz a gerente do iFood, Tatiane Alves. Ela também comunicou que a plataforma está em contato com familiares do trabalhador e se colocou à disposição para apoiá-los no que for necessário.

Os entregadores devem entregar o pedido no "primeiro ponto de contato", seja o portão da casa ou a portaria do prédio. A empresa disse informar os entregadores e consumidores sobre a recomendação.

Ainda segundo a plataforma, ela vem promovendo iniciativas ações para conscientização de moradores e capacitação de profissionais de condomínios no Rio. "Esperamos que o caso não fique impune e que Nilton se recupere". (Folhapress)

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