O médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra foi encaminhado na noite dessa terça-feira (22) para o presídio Pedrolino Werling de Oliveira, conhecido como “Bangu 8” e foi hostilizado por outros detentos.
Ele foi preso em flagrante na madrugada desta segunda-feira (11) depois de ser foi flagrado cometendo estupro contra uma paciente que estava dopada e passava por uma cesárea no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, interior do Rio de Janeiro.
Giovanni Bezerra foi filmado por enfermeiras durante um parto e apareceu abusando da paciente que estava passando por uma cesariana na maca. Ele estava separado da equipe médica por um lençol cirúrgico e duas barras de ferro.
O registro mostra o anestesista inserindo o pênis na boca da mulher por cerca de dez minutos e limpando o rosto dela com um lenço. Ele foi detido em flagrante pela delegada de Atendimento à mulher de São João de Meriti, Bárbara Lomba, ainda na madrugada de segunda.
A Polícia Civil informou que funcionárias do hospital desconfiavam há, ao menos, um mês da postura do médico durante procedimentos. A investigação está “quase finalizada”, conforme a delegada.
Quintella usava “três métodos” para abusar de mulheres. Além de se “esconder” atrás do pano durante as cirurgias, ele aplicava doses excessivas de sedativos e pedia para que acompanhantes de gestantes saíssem da sala.
O comportamento atípico do anestesista e o exagero na aplicação de sedativos instigaram técnicos e enfermeiros. Uma profissional, de acordo com depoimento, havia enxergado o médico com o pênis ereto no dia da prisão, durante um dos procedimentos anteriores ao registrado.
A desconfiança fez com que a equipe realocasse o terceiro procedimento para uma nova sala e escondessem um celular para filmar a conduta. O aparelho foi posicionado dentro de um armário de vidro, com a câmera direcionada a Giovanni. Quando o vídeo foi assistido, "criou-se um clima de horror", completa o depoimento.
Há várias denúncias apuradas pela Polícia Civil além do caso flagrante. Ao menos duas mulheres depuseram contra o médico e há suspeita de que outros estupros tenham ocorrido.
O hospital informou que encaminhará aos investigadores uma lista de pacientes que foram acompanhadas pelo anestesista até esta quinta-feira (14). Ele também trabalhava em outras duas instituições de saúde.
Quintella participou de dois outros partos na segunda-feira, quando foi detido. Não se sabe ainda se elas foram abusadas, mas o inquérito não descartou a possibilidade.
O médico prestava serviço aos hospitais da Mulher, da Mãe e Getúlio Vargas, todos de gestão da Secretaria de Estado da Saúde do Rio de Janeiro. Ele não era servidor público e atuava como pessoa jurídica.
O anestesista tem 32 anos e se formou em medicina no Centro Universitário de Volta Redonda (UniFOA) e, em março, foi graduado como anestesiologista. Quintella afirmou que trabalhou em ao menos dez hospitais públicos e privados.
Além de ser preso preventivamente, tanto a Secretaria de Estado da Saúde quanto o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj) abriram sindicâncias para punir o médico.
O conselho de classe afirmou que um procedimento cautelar para suspensão do médico foi aberto devido à gravidade do caso, e um processo ético-profissional poderá cassar o registro dele.
Se for indiciado por estupro de vulnerável – que é um dos crimes investigados pela Polícia Civil –, Giovanni Bezerra pode cumprir pena de prisão de oito a quinze anos. A defesa do médico ainda não se pronunciou publicamente.