Ousadia

Polícia frustra plano de cinema para resgatar líderes do PCC

Marcola e mais quatro comparsas seriam içados de helicóptero do pátio da penitenciária em SP


Publicado em 27 de fevereiro de 2014 | 23:20
 
 
 
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SÃO PAULO. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo vai pedir à Justiça a internação de quatro líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), entre eles Marcos Willians Camacho, o Marcola – um dos principais nomes do “partido do crime” –, no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) do Presídio Presidente Bernardes.
 

A decisão foi anunciada nesta quinta, um dia depois de o jornal O Estado de São Paulo, por meio do portal estadão.com.br, revelar que o PCC tem um plano para resgatar Marcola e os outros três líderes. As informações sobre o plano constam em um relatório sigiloso preparado pela inteligência das Polícias Civil e Militar e pelo Ministério Público Estadual (MPE), em mãos da Justiça paulista. Para que o plano desse certo, três integrantes da facção tiveram aulas de voo em 2013 no Campo de Marte, na zona Norte da capital. O professor dos bandidos foi, segundo o relatório, Alexandre José de Oliveira Junior, copiloto do helicóptero do deputado federal Gustavo Perrella (SDD-MG).

Oliveira Junior foi preso em 25 de novembro do ano passado no Espírito Santo pela Polícia Federal quando descarregava 450 quilos de cocaína de um helicóptero – a aeronave pertencia ao deputado.

A facção começou seu plano em janeiro do ano passado. Os bandidos montaram uma base em Porto Rico, no Paraná. De lá, iriam de carro até o Aeroporto de Loanda, também no Paraná, que seria o ponto central do plano.

Aeronaves compradas em São Paulo ou sequestradas pousariam em Loanda, na região de Maringá, onde carregariam a tropa de assalto do PCC. Seriam dois helicópteros – o Esquilo é o modelo usado pela PM. A intenção dos bandidos era camuflá-lo para que policiais que guardam a muralha da Penitenciária-2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo, o confundissem com uma helicóptero Águia.

A outra aeronave carregaria a metralhadora e daria proteção ao Esquilo. Durante a aproximação, Marcola, Claudio Barbará da Silva, Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden, e Luiz Eduardo Marcondes Machado, o Du Bela Vista, sairiam de suas celas em direção ao pátio interno. As grades delas já estão serradas e camufladas. Os quatro bandidos subiriam em um cesto blindado, preso ao helicóptero.

Uma equipe de 15 homens do Comando de Operações Especiais (COE) com seis atiradores de elite está de tocaia na mata ao redor da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no Oeste paulista, à espera da tropa do Primeiro Comando da Capital (PCC) que planeja resgatar Marcola.
 

Telefonemas grampeados revelaram ousadia dos bandidos

São Paulo.
Um telefonema do dia 2 deste mês mostra o ânimo dos bandidos do PCC: “Daqui uns dias não vai ter jeito. Ou nós vamos estar mortos ou vamos estar na rua ou vamos estar no BIG (o presídio de Regime Disciplinar Diferenciado de Presidente Bernardes)”. A frase é de um dos maiores sequestradores do Estado: Célio Marcelo da Silva, o Bin Laden. Ele, Marcola e outros dois presos do PCC que seriam resgatados por comparsas em um helicóptero blindado. Em 6 de janeiro de 2013, o criminoso Cláudio Barbará da Silva, que também seria resgatado, teve um telefonema interceptado pela inteligência policial na qual ele comentou que a facção tinha a intenção de comprar uma aeronave e blindá-la. Contou ainda a um comparsa que a organização estava preparando um piloto e um copiloto para executar a missão. Em 9 de fevereiro de 2013, ele fez uma nova ligação. Conversou com um bandido e disse que um comparsa estava montando o campo de treinamento no Paraguai para cumprir a missão. Em maio, aparece nas investigações o nome de Elaine Luchetti, a Jordana, mulher de Barbará. Ela serviria de intermediária, informando ao marido o andamento do plano. Na época, o PCC estava com dificuldade para treinar pilotos em função da diferença entre os modelos de aeronaves.

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