Crime organizado

Suspeito no caso Marielle Franco, miliciano negocia delação premiada

Os investigadores querem conversar primeiro com ele, para saber o que o ex-PM teria para revelar


Publicado em 12 de maio de 2018 | 03:00
 
 
 
normal

Rio de Janeiro. Policiais civis e promotores do Ministério Público estadual que trabalham para esclarecer as execuções da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes estão negociando um acordo de delação premiada com o ex-PM Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando do Curicica, preso sob acusação de chefiar uma milícia na zona Oeste do Rio. 

Nesta semana, uma equipe da Divisão de Homicídios (DH) esteve na penitenciária Laércio da Costa Pellegrino (Bangu 1), onde Orlando está isolado, em regime disciplinar diferenciado (RDD), depois de ser implicado por uma testemunha na morte da parlamentar, juntamente com o vereador Marcello Siciliano (PHS).

“Existe uma conversa nesse sentido”, admitiu uma fonte ligada às investigações, sem dar outros detalhes. Orlando deverá ser levado até a Divisão de Homicídios na próxima semana. Os investigadores querem conversar primeiro com ele, para saber o que o ex-PM teria para revelar.

O advogado de Orlando, Renato Darlan, confirmou que policiais civis conversaram na quinta-feira com seu cliente, em Bangu 1: “Pelo que fui informado, houve sim uma conversa com meu cliente em Bangu 1. Ofereceram perdão judicial para Orlando em troca de sua colaboração. Não sei exatamente o que foi conversado porque não estava presente. O que meu cliente informou é que os policiais agiram de forma intimidatória, oferecendo perdão judicial em troca de sua confissão. Mas volto a dizer: Orlando não cometeu crime algum”, afirmou Darlan.

Como “O Globo” revelou, um homem que trabalhou para um dos mais violentos grupos paramilitares do Rio procurou a polícia para contar, em troca de proteção, que o vereador Marcello Siciliano (PHS) e Orlando Oliveira de Araújo queriam a morte de Marielle, assassinada no dia 14 de março, no Estácio. 

Em depoimentos à DH, ele deu informações sobre datas, horários e até locais de reuniões entre o vereador e o ex-PM. Também forneceu detalhes de como, segundo ele, a execução foi planejada. Siciliano diz que não conhece Orlando de Curicica.

A reconstituição do assassinato da vereadora e do motorista, iniciada às 22h53 de quinta-feira, na região central do Rio, local do crime, terminou às 4h20 de sexta. O modelo da arma usada, a distância e o ângulo em que os tiros foram disparados e até o grau de perícia do assassino são algumas das informações que os policiais da Divisão de Homicídios esperam obter com a reprodução simulada.

Notícias exclusivas e ilimitadas

O TEMPO reforça o compromisso com o jornalismo profissional e de qualidade.

Nossa redação produz diariamente informação responsável e que você pode confiar. Fique bem informado!