Durante uma semana, em novembro de 1969, muitos paranaenses e catarinenses acreditaram que um dos astronautas norte-americanos da missão Apollo XII, a segunda a levar o homem à Lua, havia nascido em Santa Catarina. A confusão foi tão grande que enganou jornalistas experientes e levou a agência aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) a desmentir a versão, em carta ao jornal "O Estado do Paraná". "Essa é a história do ‘catarinauta’. Tem gente que acredita nela piamente até hoje", diz o veterano jornalista Mussa José Assis, que comandava a redação do jornal. Ele lembra que a história envolveu uma série de coincidências que acabou por iludir vários repórteres, ele mesmo e muitos leitores. Tudo começou quando um correspondente do jornal na cidade de Porto União afirmou que o astronauta norte-americano Charles Conrad havia nascido em Santa Catarina.

"Ele mandou fotos, papéis. Então despachamos o repórter até a cidade de Itaiópolis, uns 60 km ao sul de Porto União, onde viviam pessoas da família Konrad", lembra Mussa. Em Itaiópolis, Moraes Neto cruzou com uma série de coincidências. "Casa da família Conrad, de origem alemã, fotos de uma criança que seria o astronauta na infância, pessoas que supostamente conheceram a família Konrad, antes de ela imigrar do Brasil para os Estados Unidos", conta Mussa.

"Publicamos a história, foi manchete do jornal. No dia seguinte veio o desmentido do governo norte-americano. Mas o jornal insistiu. Após quase uma semana de matérias e desmentidos, Mussa percebeu o engano: "O astronauta norte-americano se chamava Charles Conrad Junior. Então o pai dele só poderia se chamar Charles, e jamais Joseph, como se chamava o pai do Charles Konrad catarinense".