Nova York, EUA. Um tom de voz agradável, assim como um olhar hostil, tem o mesmo significado em Belo Horizonte ou em Kuala Lumpur. E ambos estão entre algumas das dezenas de sinais que formam o vocabulário humano universal, que é compreendido por qualquer pessoa em qualquer lugar do mundo. Mas, nos últimos anos, alguns pesquisadores começaram a analisar formas diferentes e mais sutis de comunicação sem palavras: o contato físico.
Os toques momentâneos, dizem os pesquisadores - seja um aperto de mão, um toque carinhoso no ombro ou um apertão no braço -, podem comunicar uma variedade de emoções mais extensa do que os gestos ou expressões. Às vezes, o toque gera, inclusive, uma comunicação mais rápida e precisa do que as palavras.
"Essa é a primeira linguagem que aprendemos", disse Dacher Keltner, professor de psicologia da Universidade da Califórnia em Berkeley e autor de "Born to Be Good: The Science of a Meaningful Life" ("Nascido para Ser Bom: A Ciência de uma Vida Significativa"). "Esse continua sendo o meio mais rico que temos para expressarmos emoções durante toda nossa vida", analisa.
Vem crescendo o número de evidências de que essas mensagens por toques podem levar a mudanças claras e quase imediatas na forma como as pessoas pensam e se comportam. Estudantes que receberam um toque de incentivo do professor nas costas ou no braço eram duas vezes mais propensos a se oferecerem voluntariamente a responderem as perguntas em sala, descobriram estudos sobre o assunto.
Da mesma forma, um toque compassivo de um médico deixa as pessoas com a impressão de que a consulta durou duas vezes mais que o tempo real, em comparação com pessoas que não receberam toques. Uma pesquisa realizada por Tiffany Field, do Instituto de Pesquisa sobre o Toque, descobriu que uma massagem da pessoa amada consegue não só suavizar a dor, mas também aliviar a depressão e fortalecer o relacionamento.
Emoções. Em uma série de experimentos comandados por Matthew Hertenstein, psicólogo da Universidade DePauw, voluntários tentaram comunicar uma lista de emoções ao tocarem em um estranho que estava com olhos vendados. Os participantes puderam comunicar oito emoções distintas, desde um sentimento de grati<CW-18>dão até desgosto e amor. A média de acertos foi de 70%.
"Costumávamos pensar que o toque servia apenas para intensificar as emoções comunicadas", disse Hertenstein. "Agora, descobrimos que é um sistema de sinais muito mais diferenciado do que imaginávamos".
Nos relacionamentos, especialmente nos românticos, o toque aumenta a confiança e diminui o estresse, dizem psicólogos. Em um experimento recente, pesquisadores comandados por Christopher Oveis, da Universidade Harvard, realizaram entrevistas de cinco minutos com 69 casais, incentivando cada par a discutir períodos difíceis em seus relacionamentos. Os investigadores registraram a frequência e a duração do toque de cada casal. Oveis disse que os casais que se tocaram mais relataram mais satisfação no relacionamento.
Oxitocina
Efeito. Segundo os cientistas, um toque agradável ativa a liberação de oxitocina, hormônio que traz a sensação de confiança. Esse tipo de toque também reduz os níveis do cortisol, hormônio do estresse.
Traduzido por André Luiz Araújo