A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro ouve nesta quinta-feira (14), a partir das 9h, o general Gustavo Henrique Dutra de Menezes. Ele, que era o comandante do Comando Militar do Planalto (CMP) no ano passado, é acusado de blindar o acampamento bolsonarista no quartel-general do Exército, em Brasília.
Além de servir de ponto de encontro para apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que pediam intervenção militar contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República, o acampamento abrigou os participantes da série de atos violentos na capital da República que tiveram como ponto alto a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro.
Na madrugada de 8 para 9 de janeiro, com a tentativa de derrubar o governo Lula já fracassada, a tropa de Choque da Polícia Militar foi mobilizada para desmontar o acampamento bolsonarista, mas acabou surpreendida por militares do Exército, que fizeram uma barreira para proteger os manifestantes e impedir a desmobilização. A Força chegou a usar dois blindados para cercar as estruturas montadas pelos bolsonaristas.
O acampamento só foi desfeito na manhã de 9 de janeiro, com a prisão de mais de 1,2 mil pessoas, intervenção na Segurança Pública do Distrito Federal, afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB) e dura reação dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário nacionais.
Dutra já admitiu ter sido o responsável por permitir a continuidade do acampamento de bolsonaristas em frente ao QG do Exército em Brasília. Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), que também investiga o 8 de janeiro, o general alegou que não era atribuição de seu comando interferir no acampamento, porque a instalação não atrapalhava o dia a dia do quartel.
Gustavo Henrique Dutra é investigado pelo Ministério Público Militar (MPM), que apura se houve falha de planejamento, negligência ou omissão diante dos episódios violentos protagonizados por bolsonaristas.