O governador afastado do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), não foi conivente com os atos criminosos do 8 de janeiro de 2023, que contaram com invasões e depredações aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, conclui relatório da Polícia Federal (PF). Segundo a perícia, em meio aos ataques, o emedebista manteve contato com autoridades locais e federais.

Ainda conforme a análise, o político fez e recebeu um total de 36 ligações telefônicas entre o 7 e 8 de janeiro. A informação foi antecipada pelo Metrópoles.

"Pela análise da mídia disponível, considerando todo exposto, de forma cronológica, a investigação não revelou atos do governador Ibaneis em mudar planejamento, desfazer ordens de autoridades das forças de segurança, omitir informações a autoridades superiores do governo federal ou mesmo de impedir a repressão do avanço dos manifestantes durante os atos de vandalismo e invasão”, declarou a PF.

O relatório também aponta contatos de Ibaneis com a vice-governadora Celina Leão (PP), com o ministro da Defesa, José Múcio, com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, com o ministro da Justiça, Flávio Dino, e com o delegado da PF e então secretário executivo de Segurança Pública do DF, Fernando Sousa. 

Afastamento de Ibaneis

O ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou em 8 de janeiro o afastamento de Ibaneis Rocha, pelo prazo de 90 dias. 

Para ele, houve falha da segurança pública do DF, além de "descaso, conivência e omissão" por parte de quem deveria comandar essas forças, como Ibaneis e seu ex-secretário de Segurança Pública, Anderson Torres.   

A determinação se deu após os atos de vandalismo ocorridos em Brasília e atende a um pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Em um trecho da decisão ao qual O TEMPO teve acesso, Alexandre de Moraes é veemente ao afirmar que agentes públicos, que estão ou não ocupando cargos atualmente, serão responsabilizados caso "continuem pactuando com a quebra da democracia":

"Os agentes públicos (atuais e anteriores) que continuarem a se portar dolosamente dessa maneira, pactuando covardemente com a quebra da Democracia e a instalação de um estado de exceção, serão responsabilizados".

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