Para economizar, ainda mais em tempos de crise, empreendedores e profissionais liberais estão buscando os coworkings – escritórios compartilhados. A procura neste ano em alguns estabelecimentos em Belo Horizonte já chega a ser cinco vezes maior que em 2015. E o perfil de quem busca o espaço também está se alterando. “Antes da crise, entre 2013 e 2014, predominava o empreendedor que estava começando. Agora, são empresas que querem reduzir custos”, diz o proprietário da Elo Coworking, Francisco Amaral. Estima-se que em Belo Horizonte e região há entre 20 e 25 espaços como esse.
E diante da boa aceitação do mercado, mais empresas desse segmento estão sendo abertas. Nessa quinta-feira (14) foi inaugurada a Open Place Espaços Compartilhados, em Venda Nova, na capital, com investimento próximo de R$ 1 milhão, conforme o sócio-diretor Isaías Eufrásio Rodrigues. “O coworking é uma realidade da nova economia”, diz.
No mercado de Belo Horizonte há quatro anos, a Elo Coworking, localizada no Belvedere, na região Centro-Sul, tem projeto de abrir uma unidade em Uberaba, no Triângulo Mineiro, segundo o proprietário da empresa Francisco Amaral. “O mercado da capital ainda não está saturado, mas está caminhando para isso. O que deve acontecer no prazo de um ano”, analisa.
Para ele, a tendência é que essa modalidade de negócio comece a ganhar espaço nas cidades de porte médio. “O coworking é um conceito que veio para ficar”.
De acordo com Amaral, a demanda no primeiro semestre deste ano cresceu em torno de 10% frente a igual período de 2015.
No Work Point, localizado no bairro Mangabeiras, também na região Centro- Sul da capital, o interesse pelo espaço é cinco vezes maior neste ano frente o ano passado, segundo o proprietário do espaço, Fábio Melo Machado de Oliveira. “Com o objetivo de reduzir custos, empresas têm nos procurado. Só que nosso negócio independe da crise. Afinal, é algo moderno, que traz economia financeira e de tempo”, observa.
Ele afirma que entre as vantagens do coworking está o networking, além de permitir ao usuário do espaço focar no negócio, sem ter que se preocupar com a manutenção do espaço. “O custo médio para manter um bom escritório com uma boa estrutura, com secretária e segurança, similar a que oferecemos aqui para o empreendedor é de R$ 5.000. Aqui, esse espaço sai por R$ 693 por mês”, diz. Oliveira afirma que a economia para uma pessoa ao usar o local num ano é de R$ 51.684.
Fora de Minas, o mercado também é promissor. No Rio de Janeiro, será inaugurada em agosto uma unidade da paranaense Nex Coworking. A cidade vai abrigar o maior centro de coworking comercial do Brasil. O projeto que custou R$ 5,5 milhões vai ocupar 2.500 m². E não vai ficar por aí. Em 2017, os planos da empresa inclui ingressar no mercado de São Paulo.
Mês passado, o Google abriu um campus em São Paulo. Três dos seis andares do prédio são reservados para coworking e start-ups selecionadas para residência de seis meses sem custo. A primeira turma será anunciada em agosto, reunindo entre dez e 15 projetos.
E grandes empresas vêm incorporando o conceito. O Itaú-Unibanco abriu o Cubo, em São Paulo, em setembro de 2015, em parceria com a Repoint e.Ventures, focado em empreendedorismo tecnológico. O projeto recebeu inscrições de mais de 600 start-ups, e 54 foram selecionadas. (Com agências)
Números
378 espaços de coworking abertos no Brasil até abril
148 ficam em São Paulo, maior número de unidades no país
20 a 25 estão em Belo Horizonte e cidades vizinhas
7800 é o número de unidades de coworking no mundo
Networking é outra vantagem
A economia financeira não é a única vantagem dos coworkings – escritórios compartilhados –, segundo a analista de mercado e relações internacionais do Sebrae-Minas, Luciana Lessa. “Outra vantagem, além da redução de custo, é o networking, que pode gerar ideias e até mesmo negócios”, diz.
Para ela, o espaço é uma boa opção para modelos de negócio que não precisam de espaço físico no dia a dia. “O local pode ser alugado por um dia ou mesmo por horas, o que é bom para marcar uma reunião. É mais profissional do que encontrar com um fornecedor ou comprador num bar ou mesmo em casa”, observa.
A analista ressalta que o coworking pode ser utilizado por quem está iniciando no mercado e não tem muito dinheiro para gastar. “A pessoa não compromete o capital de giro para montar um espaço”, diz.
Luciana afirma que, com a crise, a tendência é o número de coworking aumentar no mercado, já que a ordem é redução de custos.
Vantagens. O proprietário da Elo Coworking, Francisco Amaral, diz que a economia com o uso de espaços compartilhados pode chegar a 70%, 80% na comparação com um escritório convencional. “É uma boa opção para quem está começando, seja um empreendedor ou um recém-formado. Outra vantagem, é que não é necessário fiador. É menos burocrático”, diz o empresário.
Segundo cálculos dos proprietário do Work Point, Fábio Melo Machado de Oliveira, com o compartilhamento de espaço, o empreendedor deixa de gastar em torno de R$ 14 mil na compra de móveis e equipamentos para o escritório. (JG)
Em expansão
Global. Levantamento da consultoria JLL mostra que já existem 7.800 espaços de coworking no mundo. A previsão é que até o fim de 2018, o segmento deve reunir 1 milhão de profissionais.