Não é segredo para ninguém que o atual governador de Minas recebeu, da gestão anterior, um quadro lastimável no que diz respeito à situação fiscal do Estado. Os próprios salários atrasados do funcionalismo e a grande dívida com os municípios já resumem bem essa situação. Mas olhando mais detidamente os números e comparando com as despesas do Estado podemos ter uma noção mais clara do tamanho do problema.
Recentemente, a atual gestão fez uma revisão do Orçamento 2019, apresentado pela gestão anterior à Assembleia com um rombo de R$ 11,3 bilhões. Após a revisão, percebeu-se, que na verdade, o buraco chegará a mais de R$ 15 bilhões. Isso fica pouco abaixo da totalidade dos gastos feitos no Estado em saúde e educação, somadas, no ano passado.
Fosse apenas isso já seria absurdo, mas o problema é maior. Além do rombo no orçamento, a gestão de Fernando Pimentel também deixou passivos da ordem de R$ 34,5 bilhões. Somando uma coisa com a outra, o problema herdado por Romeu Zema passa dos R$ 49,5 bilhões. Isso representa mais da metade de todas as despesas do Estado no ano passado.
É pior quando percebemos que, dos pouco mais de R$ 90 bilhões despendidos em 2018, quase a metade se deu com encargos especiais, ou seja, transferências constitucionais a municípios e pagamento de dívidas, e Previdência Social. Assim, o rombo de R$ 49,5 bilhões supera os R$ 45,5 bilhões necessários para cobrir todos os gastos do Estado excetuando essas duas rubricas obrigatórias e imutáveis.
É como se o governo petista tivesse deixado mais de um ano a menos de gastos com saúde, educação, segurança pública, cultura, meio ambiente e tudo mais com que o Estado precisa se preocupar. Claro que isso não dá a Zema um salvo conduto para deixar de cumprir suas promessas de campanha, feitas quando a situação de caos nas finanças já era nítida. No entanto, ajuda a explicar por qual motivo o desespero para buscar um acordo de recuperação fiscal é tão grande na atual gestão.
Ouça o comentário do editor de Política Ricardo Corrêa: