Uma fila quilométrica se formou durante a manhã desta terça-feira (16 de janeiro) em frente ao Colégio Marconi, no bairro Gutierrez, onde será realizado o cadastro para trabalhar como ambulante no Carnaval de Belo Horizonte em 2024. Centenas de pessoas aguardam pelo processo, que terá início às 12h. Eles reclamam da falta de estrutura, como a ausência de banheiros.

Ciente das dificuldades, pelas experiências dos anos anteriores, o aposentado Casimiro Silva, 68, decidiu levar cadeiras de plástico para ter um pouco mais de conforto até o atendimento. Ele também levou lanche e água. "Vim preparado. Trouxe café, água, biscoito e vontade. Esse é meu terceiro ano como ambulante, e em 2024 não será diferente", afirmou o idoso que pretende vender bebidas na festa.

Mais do que conforto, o autônomo Kléber Ferreira Pinto, 59,  espera por agilidade. Ele tem a expectativa de ser o primeiro a garantir a credencial. Por isso, chegou no local às 7h da manhã de segunda-feira (15). "Cheguei cedo para garantir que vou conseguir minha credencial. Nos anos anteriores foi muitos desorganizado, quero ser o primeiro pra garantir meu direito de trabalhar na legalidade e também garantir vaga no curso que vão oferecer", disse.

O cadastramento de ambulantes interessados em vender bebidas e adereços carnavalescos durante o Carnaval de 2024 começa nesta terça-feira (16 de janeiro). O processo é feito de forma presencial e seguirá até o dia 26 deste mês, com exceção do domingo (21). A credencial dá ao ambulante o direito de circular pelos desfiles de Blocos de Rua entre os dias 27 de janeiro e 18 de fevereiro, período oficial do Carnaval na capital mineira.

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Expectativa de lucros durante o Carnaval

Acostumada a trabalhar em feiras e eventos públicos, a autônoma Joelma Vieira Alves, 55, esperar faturar, pelo menos, o dobro do que vai investir em produtos para o Carnaval deste ano em Belo Horizonte. "Em 2023 comprei R$ 2 mil em bebidas e faturei livre R$ 4 mil. Vale a pena demais, a gente vai comprando com antecedência, vendo onde tem preço bom e na folia a gente escolhe os melhores pontos", disse. 

Ela, que vai trabalha com o marido na folia, chegou à fila de credenciamento a meia-noite desta terça-feira (16). A autônoma afirmou que só irá sair do local após conseguir concluir o processo. "Quero garantir vaga no curso para atender melhor, principalmente o povo que vem de fora", revelou.

Venda de vagas na fila

Um dos problemas denunciados para a reportagem de O TEMPO é a venda de vagas. Pessoas que aguardam na fila afirmam que muitos dos que estão nos primeiros lugares negociam a posição com quem chega mais tarde no local.

"A gente chega cedo, nos organizamos, mas tem gente que vende a vaga ou segura para outras pessoas. Uma pessoa, que eu vi, segurou vaga para outras três. Acho desonesto", denuncia a autônoma Luiza Lopes, de 21. Um problema que, segundo ela, se soma a falta de estrutura. "Não é só a falta de banheiro, mas também de informação. Eles não explicam nada, poderiam melhorar", completa.

Problemas afastam pessoas

A cabeleireira Maria do Rosário Coelho, 55, chegou para o credenciamento às 9h da manhã da terça-feira (16). No entanto, por causa da quantidade de pessoas e dos problemas desistiu de esperar. "Não imaginava que estaria assim, eu preciso trabalhar, não dá pra ficar muito tempo. Até me ofereceram vagas por R$ 100, mas não compensa. Mais tarde eu volto, ou amanhã", afirmou.

Por meio de nota, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que o credenciamento é feito 12h às 20h e que não "há necessidade de aglomerar antes do horário previsto".

"É importante esclarecer que todos os ambulantes interessados serão credenciados e que não há limite de credenciais. Vale destacar também que serão 10 dias de cadastro, entre os dias 16 e 26 de janeiro (exceto domingo)", disse.

A PBH acrescentou que facilitou o processo de cadastramento, sendo disponibilizado em etapa única. "O ambulante se inscreve e já sai com a credencial no mesmo dia", finalizou.