Com música pautada no Congado, no Candomblé e nas bandas de Minas, o bloco de Carnaval Babadan Banda de Rua traz a sonoridade afro-mineira para as ruas de Belo Horizonte. Neste domingo (16 de fevereiro), o grupo realizou seu primeiro cortejo no carnaval de 2025, com concentração na praça Quinze de Junho, no Bonfim. O próximo encontro acontece no dia 5 de março.
Após a concentração, o bloco segue pelas ruas do bairro Lagoinha, animando os foliões e reforçando a reconexão com a ancestralidade. De acordo com o co-fundador do grupo, Juventino Dias, a escolha do Lagoinha para realização do cortejo tem um significado importante para o movimento, idealizado por um coletivo de artistas.
"A gente acredita na força do Lagoinha enquanto berço de Belo Horizonte. Podemos chamar essa região de pequena África belo-horizontina, onde estão as tradições de candomblé, de umbanda, os terreiros, a gente tem maracatu, tem escolas de samba. A gente resolveu ocupar as ruas de Lagoinha por causa de todo esse legado cultural preto."
Em 2025, o grupo homenageia o Iliê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, que completou 50 anos em novembro de 2024.
"Nosso bloco nasceu com a intenção de reverenciar o som do candomblé, do congado mineiro, tudo isso misturado aos sopros das bandas de Minas. Somos um coletivo de sopristas do interior de Minas e misturados com percussionistas aqui da cidade, para poder fazer arte e um som ancorado nessas tradições importantes para a cultura preta de Minas", explica Juventino. "Além de fazer arte, a gente é um mecanismo de luta, de enfrentamento ao racismo, ao racismo religioso e melhor colocação do povo negro na sociedade."
Vendas
Durante o bloco, Carlos Santiago, 60 anos, ao comprar um xeque-mate com uma ambulante por R$ 20, brincou sobre um desconto. Porém, à reportagem, ele relatou que o preço não está tão acima do que nos supermercados, e disse achar justo a cobrança maior durante os eventos de Carnaval.
"O pessoal está trabalhando, embaixo do sol rachando, não é fácil", comenta. "Quem quiser barato, tem que trazer de casa. Se não trouxer, vai ter que pagar o preço, mas é um valor para quem está trabalhando e precisando ganhar um dinheiro."
Uma das vendedoras que trabalhava durante o bloco Babadan, Mônica Junqueira relatou que uma das cervejas que mais está sendo vendida conta com uma variação de preço de R$ 12 a R$ 15 entre os ambulantes. Com o crescimento do Carnaval em Belo Horizonte, ela está com boas expectativas de vendas.
"Nós estamos trabalhando hoje e pretendemos trabalhar todos os dias", diz. "Por dia, a expectativa de lucro é de no mínimo R$ 1 mil."
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Com seu filho Caetano, de 3 anos, nas costas, Breno Campos aproveitou para curtir o Babadan com fantasia combinando com o pequeno, ambos com os rostos pintados de onça.
"O Carnaval é a melhor época do ano aqui, ainda mais em BH, que é o melhor do Brasil. Essa aqui é a forma mais fácil que eu tenho para poder curtir com ele (filho) e ele também aproveitar o Carnaval", diz sobre a mochila onde Caetano estava. "Ele já é uma criança muito divertida, animada, e eu acho que começar desde cedo com essa cultura de curtir a rua, aproveitar os espaços públicos, é excelente."