Religiosamente, ano após ano, um grupo de amigas se reúne para “celebrar o Carnaval” no Bloco do Padreco, tradicional cortejo do bairro Padre Eustáquio, na região Noroeste de Belo Horizonte. O encontro é um “compromisso sagrado” para elas, que saem às ruas vestidas como freira. “A gente sempre se reúne. Só mesmo algo muito sério para alguém não vir”, relata a instrumentadora cirúrgica Flávia Ortolani, de 49 anos.

A foliona retorna ao Carnaval após não participar da última folia por causa do diagnóstico de dengue hemorrágica do filho. “Ano passado precisei cuidar dele, e agradecer a Deus pelo cuidado com meu filho. Só que, esse ano, estou de volta, e com motivos em dobro para festejar”, conta.

Flávia Ortolani é uma das sete amigas que marcaram de se encontrar, vestidas como freira, no desfile do Bloco do Padreco, realizado neste sábado (22 de fevereiro). Para brincar a folia, elas investiram R$ 25 na fantasia, que se destaca entre o colorido que toma a rua Riachuelo, onde o bloco se concentra.

“A gente não gastou tanto. O Carnaval vale muito mais que esses R$ 25. Poder reunir as amigas é algo que não tem preço”, disse a servidora pública Silvana Rodrigues, de 50 anos.

O Bloco do Padreco está em seu décimo terceiro desfile, desde a retomada da folia em Belo Horizonte. Tradicionalmente, o cortejo sai às ruas no sábado que antecede o período de Carnaval. O grupo era, inicialmente, formado por moradores do bairro Padre Eustáquio, mas, ao longo dos anos, atraiu foliões de outras regiões da capital.

“O nosso Carnaval, de Belo Horizonte, se consolidou no calendário da folia. Podemos dizer que a nossa festa resistiu as forças que eram contrárias ao movimento. Agora é celebrar, principalmente porque esperamos muito para isso”, disse Munish, de 60 anos, coordenador do bloco.