Mais uma vez, as pessoas entrevistadas pelos repórteres de O TEMPO nos principais blocos do Carnaval de Belo Horizonte apontaram como um ponto negativo da infraestrutura da cidade é o número de banheiros químicos. Além de serem insuficientes para a demanda, os equipamentos estavam muito sujos em alguns pontos da capital.
O Centro de BH não tinha, pelo segundo dia consecutivo, banheiros suficientes para o número de foliões presentes. A reportagem localizou 18 cabines no quarteirão da Praça Sete e muitos estavam com cheiro forte, acúmulo de papel higiênico usado e até vômito na pia.
A fotógrafa Daniele Fagundes, 37 anos, apontou que nem a iniciativa privada tem dado conta de tanta gente. "Às vezes compro uma cerveja e peço para usar os banheiros dos bares. Mas também não está 100%, os donos não conseguem ficar limpando e os foliões não colaboram com a manutenção", criticou.
Já a psicóloga Liliane Martins, 44 anos, apontou que só teve uma experiência positiva até agora. "Ontem, no Então Brilha!, foi um longo percurso sem banheiros. No bloco Seu Vizinho foi pior ainda, não achamos nenhum. Já no Beiço do Wando tinha muitos banheiros e até papel. É complicado porque não é só xixi, as pessoas vão fazendo outras necessidades e tudo vira um caos. Falta um cálculo melhor do poder público", afirma.
Ao todo, a Prefeitura de Belo Horizonte contratou 13.610 diárias das cabines — 318 adaptadas para pessoas com deficiência —, distribuídas ao longo dos cinco dias de festa conforme a demanda.
Apesar da disponibilidade de banheiros na região da Praça da Liberdade, as foliãs reclamaram da falta de cabines exclusivas para elas. A estudante Melissa Girundi, 24, reclama da falta de papel higiênico. "Acaba que todo mundo usa o banheiro masculino. E não tem papel higiênico".
O atendente de telemarketing Guilherme Carvalho avalia que existe falha na distribuição das cabines. "Ontem eu fui no Quando Come se Lambuza, que é um bloco gigante, e tinha pouco banheiro. Depois fui no Asa de Banana, que tinha menos gente, e estava com mais banheiros".
Pior para mulheres
No desfile do bloco Baianeiros neste domingo (2), na avenida Altamiro Avelino Soares, muitas mulheres reclamaram da falta de banheiros específicos para mulheres. “Este ano estamos sentindo muita falta de banheiros. Principalmente aqui no Castelo. Está faltando. Estamos precisando usar banheiros masculinos”, reclamou Marina Cecília Lopes Souza, de 40 anos, que participa do Carnaval todos os anos.
A reportagem constatou que havia apenas dois pontos com banheiros para um público que, segundo previsão do Corpo de Bombeiros, passa de 100 mil foliões. Em um dos pontos, havia 25 banheiros químicos. Apenas sete deles eram destinados às mulheres.
“Para mulher é pior porque a infraestrutura é péssima. Está muito sujo, com pouco papel. Quando tem. É desafiador ter que lidar com essas condições, especialmente pra gente, mulher, que sempre tem que encarar olhares incômodos de homens”, acrescentou Marina.
Ao longo do desfile, a reportagem ouviu relatos de outras folionas que reclamaram da mesma questão. Marina Silva, de 27 anos, disse que também teve dificuldades com banheiros no sábado (1º). “Não tinha. A gente tem que esperar dez minutos e ainda usar o masculino”, lamentou.