O Carnaval de BH se aproxima do fim consagrado por foliões de diferentes sotaques e idiomas como um dos maiores e melhores do Brasil. Neste ano, além da energia emanada pela multidão, que botou o pé na rua para garantir uma festa alegre, diversa e democrática, as estruturas de segurança pública e de limpeza urbana foram destacadas por quem viveu o evento como pontos altos da folia. Por outro lado, pessoas ouvidas por O TEMPO ao longo dos quatro dias de desfiles apontaram que o número de banheiros distribuídos na cidade foi insuficiente para a demanda, deixando muita gente no aperto. 

A servidora pública Melissa Pimenta, 42, saiu de Brasília para acompanhar a folia de BH e conta ter sido atraída justamente pela imagem de “melhor Carnaval do Brasil” e relatos sobre a segurança da festa. “Eu me senti muito segura. Não passei por nenhuma situação de assédio ou algo do tipo, algo que nós mulheres sofremos muito. Mas se eu passasse, também sinto que seria amparada”, comentou a turista. 

O folião Gabriel Javan, 28, morador do bairro Glória, na região Noroeste de BH, também destacou a presença ostensiva de policiais nas ruas como um ponto positivo. “Fui em sete blocos e em nenhum deles eu tive problema. Acho que a segurança foi um ponto muito positivo, tanto da parte de efetivo e trabalho dos polícias, quanto também os foliões se precavendo mais”, avaliou.

Poder curtir a festa sem tanta preocupação com a violência também agradou o publicitário Caíque Storch, 29, que saiu do Rio de Janeiro (RJ) para prestigiar a festa belo-horizontina. “Estou gostando bastante do Carnaval daqui, principalmente a questão da segurança. Lá no Rio a gente não se sente seguro, aqui sim. Conseguimos andar com celular na mão, com dinheiro e carteira”, comparou o folião.

A arquiteta Isabela Nonato, 31, também destacou o trabalho dos servidores da limpeza urbana, ao ressaltar que “a cidade está bem limpa, principalmente no final dos blocos”. “Os trabalhadores da limpeza estão de parabéns, pois deixar a cidade organizada depois que os blocos passaram não é fácil”, complementou o geógrafo e folião Leilson Santos, 35. 

Em contrapartida, foliões ouvidos por O TEMPO desde o último sábado (2 de março) foram praticamente unânimes a elencar os banheiros químicos como um dos principais problemas do Carnaval de BH. “Tem poucos banheiros, não comportam esse tanto de gente. Estamos rodando há minutos e não localizamos um até agora”, reclamou Letícia Quaresma, 23, que acompanhou, no sábado, o bloco da Calixto, no centro de BH. “A limpeza também deixou a desejar. Todos que encontramos até agora estavam muito sujos, um nojo”, completou Vitória Marcondes, 24, que prestigiou o mesmo cortejo. 

“Faltam banheiros e quando a gente encontra, ainda precisamos usar as cabines masculinas”, reclamou Marina Cecília Lopes Souza, 40, sobre a estrutura no bairro Castelo, durante a passagem do bloco Baianeiros, no domingo (3 de março). 

Diante da oferta insuficiente, muitos foliões recorreram a estabelecimentos privados para usar um banheiro. Em alguns lugares visitados por O TEMPO, por exemplo, comerciantes cobravam R$ 5 para acesso ao serviço. “Às vezes compro uma cerveja e peço para usar os banheiros dos bares. Mas também não está 100%, os donos não conseguem ficar limpando e os foliões não colaboram com a manutenção", criticou a fotógrafa Daniele Fagundes, 37. 

Procurada, a Prefeitura de Belo Horizonte informou, em nota, que “a distribuição de banheiros químicos durante o Carnaval é planejada estrategicamente, considerando fatores como o público estimado para cada bloco, a extensão dos trajetos, o número de cortejos simultâneos e o deslocamento dos foliões”. Na segunda-feira de Carnaval, por exemplo, 2.761 cabines sanitárias foram distribuídas para atendimento aos foliões. O total de banheiros usados na terça-feira ainda não foi divulgado. 


Som dos blocos


Parte essencial da festa, o som durante a passagem dos blocos também foi avaliado por pessoas ouvidas por O TEMPO. Nas avenidas Brasil, Amazonas e Andradas, que receberam esquema especial de sonorização por iniciativa do governo do Estado, a qualidade do som dos cortejos foi bastante elogiada. Isso porque a distribuição de caixas no decorrer das vias fez com que a música fosse ouvida mesmo longe do trio. 

Por outro lado, o som de alguns blocos que desfilaram em outros pontos da cidade deixou a desejar. “A sonorização parece estar com algum problema porque o bloco é muito grande, deveria estar mais alto. O som prioriza quem está mais perto do trio, mas quem está de lado e mais afastado do trio, não consegue ouvir nada”, disse a professora Letícia Almeida, 44, sobre o trio elétrico do Pisa na Fulô


Transporte


Quando o quesito avaliado é o transporte e a mobilidade urbana, os foliões se dividiram entre elogios e reclamações. Foliões que usaram o transporte público relataram a O TEMPO que, de maneira geral, o serviço funcionou bem. Apesar disso, muitos relataram ter que fazer longos percursos a pé, já que várias vias importantes da cidade foram bloqueadas devido ao trajeto dos cortejos. 

Por outro lado, aqueles que optaram por usar o serviço de aplicativos de transporte relataram, principalmente nos primeiros dias, enfrentar dificuldade para encontrar um motorista. A alta demanda pelo serviço também fez o preço subir, assustando quem tentava pedir um carro. 

(Com informações de Gabriel Rezende, Jonatas Pacheco, Maria Clara Lacerda, Maria Irenilda, Mateus Pena, Rodrigo Oliveira, Rômulo Almeida, Salma Freua, Simon Nascimento e Vitor Fórneas)