Há cerca de uma semana, um trecho da rua Santo Antônio, no bairro São João Batista, região de Venda Nova, em Belo Horizonte, está chamando a atenção de moradores e motoristas. Após ser inaugurado em setembro deste ano, o local teve a calçada pintada com quadrados nas cores azul, vermelho, verde e amarelo. A ornamentação do local divide a opinião de quem frequenta o bairro.
Até setembro deste ano, a rua era sem saída e terminava na altura do número 800, em frente a um conjunto de prédios. Após as obras, a via passou a ter saída para a avenida Doutor Álvaro Camargos, uma das principais avenidas do bairro. Porém, as novas cores do passeio desagradaram a técnica em segurança do trabalho Cirlene Ferreira, de 44 anos, moradora da rua desde 2011.
"Ficou muito folclórico, parecendo Carnaval, não gostei. Para mim, não ficou bom", critica a mulher. Trabalhadora do mesmo local, a porteira Úrsula Caroline, de 39 anos, até aprova a iniciativa, mas entende que as cores escolhidas pela PBH para a ornamentação do passeio não foram as ideais.
"Eu achei que até ficou legal, vi fotos que os moradores tiraram de cima. Mas ficou muito chamativo, podiam ser cores menos chamativas, um azul mais claro, tirar o vermelho, colocar um amarelo menos chamativo", avalia.
A opinião do representante comercial Jaderson Miranda, de 49 anos, é diferente. Ele aprovou totalmente o novo visual da rua, que, para ele, trouxe "mais vida" ao ambiente. "Eu achei que ficou legal, colorido, ficou vivo. A plantação das árvores também ficou excelente. Trouxe vida, podia espalhar isso para Venda Nova inteira", pede o homem.
Conforme a BHTrans, a iniciativa busca "criar ambientes de diversão e convivência de diferentes linguagens para diferentes faixas etárias". A proposta, conforme a PBH, é que o projeto possa "estimular o senso de comunidade e o desenvolvimento da cidadania, dinamizando a vida social e cultural da cidade".
Além da nova pintura, o local também recebeu o plantio de árvores. Ao todo, segundo a PBH, a obra de expansão da rua teve custo aproximado de R$ 299 mil. "O novo segmento de via tem uma extensão de 200 metros, com uma plataforma acabada de 10,20 metros composta por passeios laterais de 1,50 metros de largura e 0,50 metros de sarjeta e pista de rolamento", detalha a administração municipal em nota.
O TEMPO questionou a prefeitura sobre outros locais que já receberam a pintura e aguarda retorno. A reportagem será atualizada em caso de resposta. Conforme o Executivo municipal, não há, no momento, previsão de implantar a ideia em outros locais.
Moradores aprovam obra, mas querem melhorias
Se, por um lado, há divergência de opiniões sobre a pintura da rua Santo Antônio, a aprovação da obra de expansão parece ser unanimidade entre os frequentadores do bairro. Úrsula Caroline trabalha no local há apenas três meses, mas já passou outras vezes pela rua, já que mora em Venda Nova. Para ela, a expansão da via, que antes era sem saída, colaborou para o fluxo dos motoristas.
"Antes, o pessoal tinha que dar muita volta para pegar um ônibus lá embaixo, na avenida Doutor Álvaro Camargos. Hoje, a rua já é ligada a ela. Facilita muito na saída e entrada daqui", elogia a mulher, que também diz que a expansão melhorou ainda mais a segurança no local, já que não há risco de criminosos 'encurralarem' os cidadãos no muro que existia no trecho.
Apesar de concordar com a avaliação de Úrsula, a técnica em segurança do trabalho Cirlene Ferreira entende que ainda faltam aprimoramentos, como a implantação de uma linha de ônibus que passe pelo local e, principalmente, a iluminação, que ainda não foi instalada no novo trecho.
"Chega à noite aqui, a gente não vê nada, e não estamos livres do perigo. Já passei aperto aqui nessa rua de ter que correr de um carro que estava me seguindo", relata a moradora, que também pede a instalação de equipamentos públicos de ginástica, as academias ao ar livre que têm pela cidade.
O representante comercial Jaderson Miranda aponta ainda outro problema que precisa ser resolvido: a falta de quebra-molas. No local, há uma rotatória com duas placas de parada obrigatória, uma de cada lado. Mas, segundo o homem, motoristas não respeitam a sinalização e ainda andam em alta velocidade pela rua.
"Já teve umas quatro, cinco colisões aqui desde que abriu a rua. Os motoristas passam direto, furando a rotatória. Um quebra-mola de um lado e o outro amenizava isso aí", afirma.
O TEMPO também solicitou um posicionamento da PBH sobre as considerações dos moradores da rua Santo Antônio e aguarda retorno. A reportagem será atualizada em caso de resposta.