O primeiro dia de julgamento do casal acusado de matar o pequeno Ian Cunha, de 2 anos, chegou ao fim nesta terça-feira (10 de dezembro). Ao longo do dia, prestaram depoimento testemunhas de acusação e defesa. O crime ocorreu em janeiro do ano passado, no bairro Jaqueline, região Norte de Belo Horizonte.
A audiência no Fórum Lafayette, no Barro Preto, região Centro-Sul da capital mineira, será retomada nesta quarta-feira (11), às 8h30, com o depoimento dos réus, que eram pai e madrasta da criança. A acusação sustenta que questões financeiras motivaram o crime.
O julgamento começou com o depoimento da mãe de Ian, Isabela Almeida, de 29 anos. Ela afirmou que o homem já havia demonstrado agressividade com a criança e que o crime foi motivado por questões financeiras, já que havia conseguido, na Justiça, o aumento do valor da pensão.
A mãe também alega que, no dia da morte do filho, recebeu uma ligação do pai — que tinha direito judicial de ficar com a criança a cada 15 dias. No telefonema, o homem teria pedido que ela fosse ao hospital, porque o menino havia caído e batido a cabeça. Na unidade médica, descobriu a morte.
Entre as testemunhas, prestou depoimento a médica que atendeu a criança na emergência. A profissional afirmou que, devido à gravidade do traumatismo e à estatura da criança, era “incomum” que tivesse ocorrido uma queda da própria altura, como sustentado inicialmente pelo casal.
Também prestou depoimento o delegado responsável pela investigação. Ao todo, conforme a assessoria do Fórum, foram convocadas 11 testemunhas, sendo cinco da defesa do casal.
Depois do depoimento dos réus nesta quarta-feira, vai ocorrer o debate entre a acusação e a defesa, com espaço para réplica e tréplica. Em seguida, será feita a reunião do conselho de sentença para decisão sobre o caso.
Entenda a denúncia
Segundo as investigações, a madrasta teria agredido a criança com um instrumento contundente, causando ferimentos graves que a levaram à morte após horas de sofrimento em casa.
Conforme consta no processo, o pai do menino, que detinha a guarda compartilhada da criança, teria se omitido ao não buscar ajuda médica imediata, mesmo ciente dos graves ferimentos sofridos pelo filho.
Em vez disso, aguardou por várias horas antes de levá-lo ao hospital, o que impediu que o menino recebesse tratamento a tempo, sustenta o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG).
Segundo o MPMG, o crime teria sido motivado pela insatisfação da mulher com o fato de o menino ser fruto de um relacionamento extraconjugal do companheiro. A denúncia aponta que a madrasta mantinha uma relação de repulsa com a vítima e aproveitou um momento em que estava sozinha com a criança, sem a presença de outros adultos, para cometer a agressão.
O MPMG classificou o crime como motivado por razões torpes. No caso da madrasta, a motivação seria o desprezo pela criança devido à origem extraconjugal. Já em relação ao pai, a acusação aponta que ele teria negligenciado o cuidado com o filho, vendo a criança como uma fonte de conflito com a companheira.