Um digital influencer de 24 anos foi apontado como responsável pela morte de uma mulher trans de 50 anos, no bairro Santo André, região Noroeste de Belo Horizonte. Gabriela da Silva Borges foi encontrada morta no dia 26 de junho, enrolada em um cobertor dentro do próprio apartamento. O crime pode ter tido motivação patrimonial.

Conforme o inquérito concluído pela Polícia Civil de Minas Gerais, a última vez em que Gabriela foi vista com vida foi na noite do dia 23 de junho. Ela morava na Itália, mas chegou a BH 15 dias antes do crime para passar férias. No dia de 23 junho, ela saiu com amigos para bares de Belo Horizonte e Região Metropolitana. 

Na volta para casa, após ter problemas com o portão do prédio onde morava, ela saiu novamente com seu carro e se encontrou com um digital influencer, de 24 anos. Juntos, os dois voltaram ao apartamento da mulher, por volta de 5h da manhã. Depois disso, Gabriela não foi mais vista saindo do prédio, e imagens de câmeras de segurança mostram o indiciado saindo sozinho do local e entrando no carro da vítima, que estava estacionado do lado de fora.

"É ele quem se encontra com ela, que vai ao apartamento com ela, entra no prédio. A hora da morte determinada pela perícia bate com a hora em que ele estava dentro da residência, e ele é a única pessoa que percebemos que foi delapidando o patrimônio dela", pontua o delegado Lucas Nunes, titular da Delegacia de Homicídios Noroeste de Belo Horizonte.

Dentro do apartamento, conforme a PCMG, foram encontradas diversos sinais de luta, como unhas de gel da vítima espalhadas, peruca retirada do lugar e móveis revirados. A mulher morreu asfixiada. A Polícia Civil não conseguiu esclarecer qual era exatamente a relação entre o influencer e Gabriela da Silva, mas disse que eles se conheciam previamente. A polícia também não conseguiu precisar a motivação do crime, mas acredita que há questões matrimoniais envolvidas.

"Logo depois do crime, ele fez movimentações na conta bancária dela de cerca de R$ 20 mil, pegou pertences dela com o preço em euro, como perfumes, joias, repassou essas coisas a pessoas próximas a ele. Ele também pegou o carro dela e emprestou para duas amigas, que depois foram presas por receptação", detalha o delegado.

O homem é considerado foragido e já teve a prisão temporária solicitada à Justiça. Ele foi indiciado por homicídio triplamente qualificado por motivo fútil, asfixia e ação dissimulada que dificultou a defesa da vítima. A pena pode chegar a 30 anos de prisão.

O indiciado é um digital influencer com mais de 100 mil seguidores, de acordo com a Polícia Civil de Minas Gerais. Após o crime, ele desativou as redes sociais. A PCMG acredita que ele esteja no interior de Minas Gerais ou até mesmo em outro estado.

Relembre o caso

Gabriela da Silva Borges, uma mulher trans de 50 anos, foi encontrada morta em um apartamento na noite do dia (26 de junho) no bairro Santo André, região Noroeste de Belo Horizonte. Ela morava na Itália e passava férias na capital mineira.

A Polícia Militar foi acionada pelo subsíndico do prédio, que relatou que há dias não encontrava com a moradora. Segundo o homem, o veículo dela não estava na garagem e ele sentiu um cheiro forte vindo do apartamento da vítima. 

Militares precisaram arrombar a porta do imóvel e encontraram a mulher deitada na cama e enrolada com um cobertor, já morta. A perícia identificou que, possivelmente, a mulher foi morta por enforcamento. O celular da vítima não estava no local, mas amigos disseram que o aparelho estava ativo, inclusive com alguém enviando mensagens pelo Whatsapp dela. 

Um amigo da vítima contou que a mulher chegou há 15 dias no Brasil, já que tem parentes na capital mineira. Um homem de 43 anos, que foi visto pela última vez com a vítima, foi qualificado como suspeito do crime, mas ele não foi encontrado.

O carro da vítima foi encontrado com duas jovens, de 18 e 20 anos. Elas contaram que não sabiam de quem era carro. Um amigo delas estava em um bar e pediram para elas levarem o veículo até uma rua próxima, momento em que foram abordadas. Ambas foram presas por receptação.