Cerca de um terço da frota dos ônibus metropolitanos da Grande BH deve ser renovada até 2025. Conforme o governo de Minas Gerais, 850 novos veículos devem ser colocados em circulação, substituindo carros antigos que compõem a atual frota de aproximadamente 2.400 ônibus. Nesta quinta-feira (5), 66 veículos já foram entregues, em cerimônia realizada no Terminal São Benedito, em Santa Luzia, na Região Metropolitana.

Dos novos veículos que serão entregues, 600 deles vão ser comprados com dinheiro do estado. O montante de dinheiro público investido chega a R$ 382 milhões, fruto de indenização para reequilibrar os contratos de transporte coletivo em função dos impactos causados pela pandemia e do acordo de repactuação pela tragédia de Brumadinho. Outros 200 coletivos serão custeados pelas empresas que operam o transporte metropolitano.

Do primeiro lote entregue nesta quinta-feira (5), 38 novos ônibus atenderão a região das cidades de Santa Luzia, Ribeirão das Neves, Taquaraçu de Minas e Jaboticatubas.  Outros 11 veículos vão para linhas que atendem à região de Contagem e 17 novos coletivos vão para linhas das cidades de Mateus Leme, Azurita, Juatuba e Betim. Conforme o Governo, a distribuição levou em consideração a idade dos veículos, a quantidade de reclamações e o volume de passageiros transportados.

"Nós vamos reduzir a idade média atual da frota de 11 anos para uma idade média de 6 anos, já no ano que vem. Isso vai trazer um grande benefício para a população. Nós estamos falando de 600 mil usuários diários do transporte. E para além do processo de renovação, a gente tem trabalhado em outras ações. Tem dois corredores exclusivos de ônibus, um em Santa Luzia e um em Ribeirão da Neves, que a gente conta com recursos estaduais e do pacto federal para fazer", declara o secretário de estado de Infraestrutura, Mobilidade e Parcerias de Minas Gerais, Pedro Bruno.

População quer ampliação da frota e outras melhorias

O operador de telemarketing Douglas Rodrigues de Oliveira, de 41 anos, mora no bairro Duquesa 1, em Santa Luzia. Ele estava no terminal São Benedito quando os novos ônibus foram entregues. Apesar de entender que renovar a frota é importante, ele quer mais: ampliação do número de ônibus e do quadro de horários.

"Lá no meu bairro, no domingo e feriado, as linhas alimentadoras passam de duas em duas horas. Então eles têm que colocar ônibus novo e ampliar os horários. Piorou muito o serviço depois da pandemia. A desculpa deles é que caíram as demandas", reclama. 

O drama aumenta para Douglas quando é dia útil, em que ele precisa se deslocar para o trabalho. "Às vezes eu demoro duas, três horas para chegar no trabalho. Na prática, o serviço é muito ruim", critica.

Outra passageira que avalia como insuficiente apenas renovar a frota é a auxiliar de apoio Margarida Miranda, de 52 anos. A mulher, diariamente, sai do bairro Palmital, em Santa Luzia, para trabalhar no bairro São Cristóvão, região Noroeste de Belo Horizonte. Por um lado, ela se sente aliviada com a substituição de ônibus antigos.

"Está uma vergonha. Quando está chovendo, o MOVE molha mais dentro que fora. Está precisando substituir", comenta. Em contrapartida, Margarida também entende que não adianta apenas renovar a frota. Ela exige a ampliação, para ganhar tempo na própria rotina.

"Tem superlotação, o horário é muito demorado. Você chega do MOVE aqui e fica até meia hora, 40 minutos esperando. É complicado. Ônibus cheio, volta lotado, passa e não para na estação, porque está cheio, é complicado. Só renovar não vai resolver", opina.

Questionado sobre o assunto, o Governo de Minas não citou nenhum projeto específico para ampliar a frota dos veículos e admitiu que, por hora, apenas a renovação será efetuada. Ao comentar o assunto, o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros Metropolitano (Sintram), Rubens Lessa, afirmou que as empresas monitoram o número de passageiros em horários de pico. Ele também afirmou que é impossível evitar que tenham passageiros em pé nestes períodos do dia.

"O transporte no mundo é assim, em qualquer cidade do mundo, qualquer país. No horário de pico,nos ônibus, trens, e metrôs andam com passageiro de pé, com ocupação suportável, claro", argumenta.