Chegou ao fim o "pesadelo" dos moradores de Macacos, como é conhecido o distrito de São Sebastião das Águas Claras, em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte. Nesta segunda-feira (13 de maio), a Vale anunciou que concluiu a descaracterização da barragem B3/B4, na Mina Mar Azul, quase seis anos após a evacuação de 200 pessoas na localidade devido ao risco de rompimento da estrutura. Desde 2019, a comunidade convivia com o risco de parte da comunidade ser engolida pela lama de rejeitos da mineradora.
Para além da descaracterização da barragem, a Vale também firmou com os órgãos de justiça de Minas Gerais, em 2022, um acordo no valor de R$ 500 milhões para ações de reparação no distrito, tendo como foco a transferência de renda, requalificação do comércio e turismo e fortalecimento do serviço público municipal, além de demandas das comunidades atingidas.
O local da barragem ainda passará por obras complementares, com implantação de drenagem e revegetação. Porém, já não existe mais risco associado ao local, já que foram removidos os 3,3 milhões de metros cúbicos de rejeitos que estavam armazenados na barragem.
Confira um vídeo da barragem após a descaracterização:
A Vale anunciou nesta segunda-feira (13) que concluiu a descaracterização da barragem B3/B4, da Mina de Mar Azul, localizada em Macacos, distrito de Nova Lima. A estrutura foi classificada com o nível máximo de emergência em 2019, quando mais de 100 famílias foram removidas pela… pic.twitter.com/hCgBPjeoZx
— O Tempo (@otempo) May 13, 2024Em nível 3, o mais alto e que aponta para o risco iminente de rompimento, a Vale precisou investir mais de R$ 80 milhões no desenvolvimento de tecnologias, uma vez que não seria possível colocar trabalhadores sobre a barragem. Com isso, a retirada dos rejeitos ocorreu de forma remota.
“No processo de descaracterização, utilizamos em larga escala equipamentos não tripulados controlados por um centro de operações localizado a cerca de 15 quilômetros da barragem, resultando na remoção de um volume de rejeitos de 3,3 milhões de metros cúbicos. Essa estratégia operacional inovadora foi essencial para eliminar a presença de trabalhadores na barragem até que as condições de segurança adequadas fossem alcançadas”, diz Alexandre Pereira, vice-presidente executivo de projetos da Vale.
Agora, com a eliminação da barragem, a empresa inicia as atividades para retirada da Estrutura de Contenção a Jusante (ECJ), uma espécie de barreira construída no Ribeirão Macacos para "segurar" a lama em caso de um rompimento. A área onde foi construída a contenção também será alterada para tentar recompor o máximo da topografia original do lugar.
Fim das barragens só em 2035
Com um investimento total de R$ 29 bilhões, a Vale espera eliminar até 2035 as outras 16 barragens à montante que ainda não foram totalmente descaracterizadas no país - todas em Minas. Até agora já foram desmanchadas 14 destas estruturas, 11 no Estado e outras três localizadas no Pará.
“Vamos continuar avançando com a execução de nosso Programa de Descaracterização, com segurança e transparência, e de medidas efetivas para a melhoria das condições de segurança até a eliminação de todas as barragens a montante no Brasil. Esperamos concluir outros 2 projetos ainda em 2024, alcançando cerca de 70% até o final de 2026. Essa medida é fundamental para garantirmos a não repetição e tornarmos a Vale ainda mais segura”, afirmou Eduardo Bartolomeo, presidente da mineradora.