EM BH

‘Cuidar de quem cuida’: mães de crianças atípicas tem dia de beleza em ação social

Em uma escola municipal, as famílias se reuniram na tarde deste domingo (26)

Por Guilherme Gurgel
Publicado em 26 de maio de 2024 | 13:52 - Atualizado em 26 de maio de 2024 | 20:57
 
 
 

A maternidade atípica muitas vezes exige das mães um cuidado constante e intenso com os filhos. Mas, pelo menos na manhã deste domingo (26), muitas delas puderam receber o cuidado e carinho que costumam dar aos outros. Integrantes da Associação Voluntária de Belo Horizonte realizaram neste domingo a ação "Cuidar de Quem Cuida" - Um Dia de Beleza para Mães de Crianças Atípicas, em uma escola no bairro Floramar, na região Norte de BH.

Segundo Rose Aquino, presidente da Rede Solidária BH, essa é uma possibilidade de demonstrar empatia para essas mães que, em muitos espaços, são incompreendidas. “A gente tem um dado de que uma mãe atípica sofre uma pressão hoje que é semelhante a de um soldado que vem da guerra. Então eu sei que para elas é pouco, é pequeno, mas hoje vai ficar marcado para elas esse dia especial”, explica.

Assim foi para a técnica de enfermagem Elida Francisca Miguel, que definiu em uma palavra a sensação do dia: “emocionada”. Ela participou das atividades de fisioterapia e fez um corte de cabelo. “Normalmente a gente só cuida e é o nosso momento de receber cuidado”, comenta. A ação também oferece serviço de manicure e massagem para as mães.

A Conselheira Municipal, Érica Patrícia Santos, também participou da ação. Ela é mãe do pequeno Heitor, que é autista não verbal. Durante a manhã, ele se divertiu com as outras crianças, que eram acompanhadas por voluntários. “Quando a gente está grávida e vai ter um filho, a gente se programa para fazer uma viagem, para chegar em um destino. E Deus nos coloca em outra”, assim Érica descreve a maternidade atípica.

Famílias como a de Érica são ajudadas pelo projeto Voo Azul, que trabalha com pessoas com autismo - e promoveu a ação deste domingo. Jana Neves, idealizadora do projeto, explica que o foco é auxiliar famílias de baixa renda. Atualmente, 145 famílias recebem atendimento multidisciplinar no projeto. No entanto, 800 outras estão em fila de espera. “Os órgãos públicos não conseguem chegar onde a mão dos projetos sociais conseguem alcançar. E como o tratamento para o autista é terapêutico, ele precisa de uma carga horária extensa e de um tratamento intensivo, que é inacessível para a maior parte da população”, explica.

Pelas mãos de voluntários 

Ações de acolhimento e apoio às famílias atípicas são possíveis graças à atuação de voluntários. É o caso do policial militar Gustavo Henrique Santos de Lima. Ele tem atuado junto com a sua cachorrinha Mel, no tratamento de crianças autistas. Sempre ligado ao voluntariado, Gustavo se conectou à causa autista depois de uma experiência com Mel e uma criança autista no canil da PM. “Sem nenhum comando, a Mel sentou e essa criança encostou a testa no nariz da Mel. Elas ficaram assim um tempo, como se estivessem se comunicando, sem palavras”, relata.

Depois disso, Gustavo começou a estudar a participação de animais no tratamento de autistas. “As mães ficam impressionadas, porque as crianças melhoram a comunicação e os movimentos. Então, hoje o voluntariado é uma estratégia para ajudar outras pessoas através da Mel”, explica.

A professora de psicologia Raquel Elisa Rodrigues, da Rede Iesla, também esteve na ação com seus alunos. “Fiquei feliz de ver o tanto que foi produtivo. É um ensino técnico, mas é também um ensino de ser humano. A gente aprende a ser mais humano ao ver como esse projeto funciona”, conclui.

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