A maternidade atípica muitas vezes exige das mães um cuidado constante e intenso com os filhos. Mas, pelo menos na manhã deste domingo (26), muitas delas puderam receber o cuidado e carinho que costumam dar aos outros. Integrantes da Associação Voluntária de Belo Horizonte realizaram neste domingo a ação "Cuidar de Quem Cuida" - Um Dia de Beleza para Mães de Crianças Atípicas, em uma escola no bairro Floramar, na região Norte de BH.
Segundo Rose Aquino, presidente da Rede Solidária BH, essa é uma possibilidade de demonstrar empatia para essas mães que, em muitos espaços, são incompreendidas. “A gente tem um dado de que uma mãe atípica sofre uma pressão hoje que é semelhante a de um soldado que vem da guerra. Então eu sei que para elas é pouco, é pequeno, mas hoje vai ficar marcado para elas esse dia especial”, explica.
Assim foi para a técnica de enfermagem Elida Francisca Miguel, que definiu em uma palavra a sensação do dia: “emocionada”. Ela participou das atividades de fisioterapia e fez um corte de cabelo. “Normalmente a gente só cuida e é o nosso momento de receber cuidado”, comenta. A ação também oferece serviço de manicure e massagem para as mães.
A Conselheira Municipal, Érica Patrícia Santos, também participou da ação. Ela é mãe do pequeno Heitor, que é autista não verbal. Durante a manhã, ele se divertiu com as outras crianças, que eram acompanhadas por voluntários. “Quando a gente está grávida e vai ter um filho, a gente se programa para fazer uma viagem, para chegar em um destino. E Deus nos coloca em outra”, assim Érica descreve a maternidade atípica.
Famílias como a de Érica são ajudadas pelo projeto Voo Azul, que trabalha com pessoas com autismo - e promoveu a ação deste domingo. Jana Neves, idealizadora do projeto, explica que o foco é auxiliar famílias de baixa renda. Atualmente, 145 famílias recebem atendimento multidisciplinar no projeto. No entanto, 800 outras estão em fila de espera. “Os órgãos públicos não conseguem chegar onde a mão dos projetos sociais conseguem alcançar. E como o tratamento para o autista é terapêutico, ele precisa de uma carga horária extensa e de um tratamento intensivo, que é inacessível para a maior parte da população”, explica.
Ações de acolhimento e apoio às famílias atípicas são possíveis graças à atuação de voluntários. É o caso do policial militar Gustavo Henrique Santos de Lima. Ele tem atuado junto com a sua cachorrinha Mel, no tratamento de crianças autistas. Sempre ligado ao voluntariado, Gustavo se conectou à causa autista depois de uma experiência com Mel e uma criança autista no canil da PM. “Sem nenhum comando, a Mel sentou e essa criança encostou a testa no nariz da Mel. Elas ficaram assim um tempo, como se estivessem se comunicando, sem palavras”, relata.
Depois disso, Gustavo começou a estudar a participação de animais no tratamento de autistas. “As mães ficam impressionadas, porque as crianças melhoram a comunicação e os movimentos. Então, hoje o voluntariado é uma estratégia para ajudar outras pessoas através da Mel”, explica.
A professora de psicologia Raquel Elisa Rodrigues, da Rede Iesla, também esteve na ação com seus alunos. “Fiquei feliz de ver o tanto que foi produtivo. É um ensino técnico, mas é também um ensino de ser humano. A gente aprende a ser mais humano ao ver como esse projeto funciona”, conclui.
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