ZONA DA MATA

Academia terá de indenizar funcionária vítima de injúria racial em MG: ‘Cabelo de defunto’

Mulher mostrava descontentamento com atitudes do chefe, que dizia 'estar brincando'

Por Juliana Siqueira
Publicado em 06 de maio de 2024 | 13:14
 
 
 
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Uma mulher, que não teve a idade divulgada, será indenizada em R$ 15 mil após ter sido vítima de injúria racial na academia onde trabalhava, em Juiz de Fora, na Zona da Mata. Em uma das ocasiões, o chefe dela teria dito que o cabelo da funcionária era “de defunto”. O caso foi divulgado nesta segunda-feira (6 de maio) pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-MG).


De acordo com o órgão, uma testemunha contou que o homem “sempre falava as coisas rindo, mas só ele ria; que a autora da ação mudou na hora, a fisionomia dela mudou; que umas cinco pessoas ouviram”.


Já uma segunda testemunha afirmou que a mulher saiu com os olhos marejados após o chefe ter falado do cabelo dela. Ainda de acordo com o depoimento, a vítima já havia dito que não gostava das atitudes do homem, mas ele não parava de fazer o que ele chamava de ‘brincadeiras’.


Conforme a mulher, “no momento em que ele comparou o cabelo dela com cabelo de defunto, atacou o sentimento de dignidade, especialmente porque, por muito tempo, e, pelo visto, ainda nos dias atuais, os cabelos crespos, ‘dreads’ e tranças, que também simbolizam resistência, eram associados à falta de higiene, a algo feio, sujo e mal cuidado”.


Diante dos depoimentos, o desembargador Sércio da Silva Peçanha entendeu que a funcionária sofreu ofensa racial no trabalho. Para ele, falar que a mulher tem “cabelos de defunto” não pode ser visto como ‘brincadeira’. Com isso, ele determinou uma indenização de R$ 15 mil, sendo a academia a principal responsável pelos créditos à funcionária.

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