Internado no Hospital Municipal de Contagem, na região metropolitana de BH, desde o dia 11 de maio, depois de sofrer uma lesão na coluna após cair em casa, Paulo da Cruz Soares, de 70 anos, só consegue se mover do pescoço para cima. Sentindo muita dor, ele precisa passar por uma cirurgia, porém, há mais de uma semana, aguarda uma transferência para outra unidade de saúde. Para piorar, nesse meio tempo, uma ferida aberta durante a internação acabou tomando conta de uma grande parte das nádegas do idoso. A família teme que essa demora seja uma negligência do hospital que custe a vida dele.   

A filha de Paulo, Selma da Silva Brito, de 48, conta que o pai já sofria com problemas de coluna, mas conseguia andar normalmente e até subia escadas em casa. No dia do acidente, ele foi se sentar na cama e acabou caindo. Ele bateu a cabeça, sendo socorrido pelo Samu e encaminhado para o hospital de Contagem. 

 Foi somente no dia 20 de maio, 9 dias após a internação, que os médicos constataram a ferida, que, em poucos dias tomou conta de grande parte do corpo do paciente. "Agora abriu uma na perna também. A gente só quer a transferência dele, para que ele faça a cirurgia e pare de sentir dor. A gente sabe que os movimentos não devem voltar, mas pelo menos para ele parar de sentir dor", diz, emocionada, a filha de Paulo.  

 Ainda segundo a mulher, a família acredita que a transferência não estaria ocorrendo por problemas envolvendo a administração do Hospital Municipal de Contagem. "Eles acham vaga para o meu pai em Belo Horizonte, mas, quando pedem a documentação para o hospital, sempre está faltando alguma coisa que o hospital não está fornecendo. Quando não é um número de uma coisa, é o CRM de outro médico, então eu não sei o porquê que ele não conseguiu essa transferência ainda. Não sei se é porque o médico do Hospital Municipal que está barrando. A única certeza que tenho é que o hospital está negligenciando alguma coisa, algum detalhe, pois essa ferida abriu muito rápido e está muito feio", conta Selma.  

A nora de Paulo, Margarete Gomes Miranda, de 50 anos, lembra que, até o acidente, o idoso era saudável e não tinha qualquer ferida no corpo. “Meu sogro é um senhor forte, é músico, toca violão e sanfona. E, após uma queda da cama, com menos de 10 dias no hospital ele aparece com essa necrose enorme? Soube que era negligência médica assim que eu vi o tanto que essa ferida aumentou em pouco tempo”, reclama.

"Está recebendo os devidos cuidados", diz Prefeitura

 A reportagem de O TEMPO procurou a Prefeitura de Contagem, que informou por nota que o idoso está recebendo os "devidos cuidados pela equipe médica e multiprofissional" enquanto aguarda pela transferência, que estaria em negociação desde o dia 3 de junho. 

"Todas as informações foram passadas para os familiares do paciente, inclusive os dados do cadastro no sistema SUSFÁCIL, para que possam acompanhar o processo de autorização da transferência pelo CINT-BH. Esclarece que as equipes do HMC seguem à disposição da família do paciente para quaisquer esclarecimentos relacionados ao caso", concluiu o município.

Já a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou, por nota, que, desde o cadastro do paciente no SUSFácilMG (ferramenta de regulação estadual), a equipe iniciou o processo regulatório, buscando o leito com o recurso necessário para a cirurgia de Paulo. 

"O processo regulatório é realizado por médicos reguladores que avaliam a necessidade do paciente, a priorização dos casos mediante critério clínico e a disponibilidade do leito.  Enquanto aguarda vaga para transferência, o paciente mantém tratamento no hospital de origem. Salientamos que a equipe continua empenhada para resolução do caso e o paciente será transferido tão logo o leito adequado esteja disponível", concluiu a pasta. 

Atualizada às 18h24