A praça do Papa, no bairro Mangabeiras, região Centro-Sul de Belo Horizonte, deve ficar fechada até o primeiro semestre de 2025. Esta é a previsão da prefeitura de Belo Horizonte para conclusão e entrega das obras de revitalização do local, que estão em andamento desde fevereiro. O fechamento temporário de um dos pontos turísticos da capital mineira causou impacto no comércio local. Quem circula pela região da praça está muito acostumado com as barraquinhas no entorno, onde ambulantes vendem água de coco, pipoca e outros alimentos. Com a praça do Papa fechada, os vendedores da região relatam queda brusca, quase total, no movimento dos negócios, o que inevitavelmente pesa no lucro.

"Digo que caiu pelo menos 80%", estima o vendedor de coco Otacílio da Rosa Paixão, de 74 anos, que trabalha no local há mais de quatro décadas. A queda brusca foi sentida nas rendas da barraquinha de coco que ele mantém com o patrão. “Antes de fechar, dependendo, eu faturava de R$ 200 a R$ 500 por dia. Hoje, faço, no máximo, R$ 100", detalha. Como Otacílio já tem uma renda da aposentadoria, ele não sentiu tantos impactos, ao contrário de outra vendedora de coco do local, Renata Priscila de Souza, de 34 anos. 

A mulher conta que o lucro diário dela caiu de R$ 200 para R$ 10, o que exigiu readaptações. “Antes eu vinha de carro, agora só venho de ônibus. Compro menos produtos (para a barraca), porque não compensa investir tanto mais. No fim de semana, a gente fazia um passeio, agora não faz mais", diz a mulher, que conta que está investindo na fidelidade de alguns clientes para manter o negócio. "A gente teve a opção de ir para outro lugar, mas o material é muito pesado para ficar indo de um lugar para outro", explica.

Obras e expectativas

As obras de revitalização na praça do Papa fazem parte do programa Centro de Todo Mundo, que visa modificar o centro de Belo Horizonte para torná-lo um atrativo econômico e cultural. A previsão para a entrega da obra, que deve custar R$ 11,1 milhões segundo a prefeitura de Belo Horizonte, é o primeiro semestre de 2025.

Entre as mudanças, afirma a PBH, estão a demolição e recomposição de todo o piso, a incorporação da rua entre os trechos da praça e a instalação de novos brinquedos e equipamentos de ginástica. Também estão previstas a reforma do paisagismo, com implementação de irrigação automática, inclusão e revitalização do mobiliário, modernização da iluminação e supressão da atual área do playground para instalação de área verde.

As alterações deixam tanto comerciantes, moradores e frequentadores da região animados com a possibilidade de ter um espaço revitalizado no bairro Mangabeiras. "A praça do Papa é um lugar histórico, bom para se divertir. Muitas vezes a gente vinha e o chão estava muito quebrado. É importante arrumar para a gente vir com as crianças para se divertir, trazer bola, trazer bicicleta", afirma o empresário Isaías Lopes Rodrigues, de 41 anos, que passa com frequência perto da praça, para entregar marmitex.O projeto de revitalização anima também os comerciantes do entorno, que aguardam uma alta considerável no movimento da região e também dos negócios após a reabertura da praça já reconstruída. "Acho que vai ter três vezes mais movimento do que tinha antes de fechar", aposta o vendedor Otacílio da Rosa Paixão.

Apesar de também estar feliz com a remodelação da Praça do Papa, a empresária Mônica Almeida, de 47 anos, tem um incômodo em relação ao projeto original da PBH: a falta da construção de um banheiro público na praça. A mulher relata que, com frequência, a parte da frente de sua casa é "transformada em banheiro" por frequentadores da praça. "Eles usam para urinar, fica uma poça aqui e, às vezes, tem até fezes. Já até pensamos em cercar o gramado aqui. É horrível", desabafa.

O que diz a PBH

Questionada sobre a situação, a Prefeitura de Belo Horizonte reforçou que, por hora, incluir banheiros públicos na praça não está no projeto. O poder público também afirmou que a praça é "varrida diariamente, todos os dias da semana, inclusive aos domingos e feriados. A praça é ainda lavada duas vezes por semana. A capina é feita quatro vezes por ano".

Sobre a situação dos comerciantes, que relataram prejuízo financeiro com a interdição do espaço, o município, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Capital, disse que "foram realizadas reuniões com todos os ambulantes para explicar a situação da obra" e que "alguns permanecem no local por opção própria".