A defesa do policial penal suspeito de matar um jovem de 24 anos, em um jogo do bicho em Belo Horizonte afirma que a vítima insinuou um estupro contra a filha do agente, de 17 anos. O fato teria ocorrido após a jovem recusar uma proposta de sexo a três, supostamente feita pelo próprio jovem morto. Essas ameaças teriam feito o policial penal ir até o local do crime. 

Representante do agente penitenciário, a advogada Kênia Ferreira diz que no dia anterior ao crime, 27 de junho, o homem pegou serviço às 7h e fez um plantão de 24h, encerrando o expediente às 7h do dia 28. Em seguida, o suspeito foi para casa, passou em uma loja de tecidos e partiu para a residência da mãe, onde dormiu até pouco depois das 13h.  

Em seguida, conta a advogada, ele recebe uma ligação da esposa, que relata a ele uma discussão com a vítima, que a teria ofendido. “Ele não levou isso em consideração e disse que ia fazer o que precisava fazer e, depois, ir para casa ficar com a filha”, afirma a defensora. 

Mas a situação teria mudado após o policial penal conversar com a filha em casa. A adolescente, conforme a advogada, relatou ao pai propostas de sexo a três que estariam sendo feitas desde maio, envolvendo a filha do policial penal, uma amiga dela e o jovem. 

“Uma dessas propostas teria sido feita pessoalmente por ele (vítima), e na recusa dela, ele fica nervoso e diz que ‘a sorte dela é que ele estava com a Ana (amiga da adolescente) e que se ele não estivesse, ele iria fazê-la querer’, insinuando uma possível relação sexual forçada”, relata Kênia.  

Na sequência, continua a advogada, o pai teria decidido conversar com a vítima para tirar a história a limpo e foi até o local do crime, sem intenção de matar a vítima, mas a situação teria saído do controle. 

“Como o endereço de onde ele estava era próximo, ele decide ir ao local. Ele queria ver o que estava acontecendo e o que poderia ser feito. Mas os ânimos dos dois ficaram exaltados, e acabou acontecendo o que aconteceu”, afirma. Mesmo com o agente tendo ido ao local armado, a defesa nega premeditação do crime. 
“Tudo aconteceu muito rapidamente. E por ser um policial penal, ele anda armado por regra”, argumenta. 

Legítima defesa está descartada 

Questionada sobre qual será a linha de defesa adotada, a advogada Kênia Pereira afirma que ainda é cedo para uma definição, mas já eliminou a tese de legítima defesa. O cliente, inclusive, admite a autoria do crime. 

“É muito temerário trazer qualquer tese defensiva neste momento, ainda estão sendo feitas as apurações dos fatos.  Mas a gente já adianta que não existe a tese de negativa da autoria, muito menos de legítima defesa. Ele entregou a arma de livre e espontânea vontade, porque a intenção dele é cooperar com as investigações e com a busca real dos fatos”, garante Kênia, que também afirma que o cliente está arrependido.

“Ele não queria tirar a vida dele. Se pudesse, voltaria atrás”, diz.  

Ameaças à família 

Desde o dia do crime, de acordo com a defesa do policial penal, ele e a família estão recebendo ameaças pelas redes sociais. Kênia Ferreira diz que um perfil até chegou a publicar uma oferta de recompensa para quem tivesse informações sobre o paradeiro do agente penitenciário. Isso inclusive teria feito com que o suspeito demorasse a comparecer à delegacia para prestar depoimento. 

“Tem uma pessoa intitulada Satã, que fez propostas oferecendo R$ 1.000,00 para quem dissesse o paradeiro do William. Tanto a família vem sofrendo (ameaças), quanto ele”, lamenta. A advogada afirma que já registrou um boletim de ocorrência para apurar e identificar os autores das ameaças.