A família de Magna Laurinda Ferreira Pimentel, de 42 anos, mulher que estava desaparecida após deixar a filha na escola e que foi achada morta e concretada na cisterna de uma casa na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, acredita que o pai dela, de 74 anos, que era o dono imóvel onde o corpo foi achado pela polícia, pode ter sido dopado com medicamentos pela companheira do idoso e pelos filhos dela, que acabaram presos após a descoberta do homicídio.
Nesta quarta-feira (28 de agosto), um dia após o encontro do corpo da vítima, O TEMPO conversou com Eliane Almeida, de 49 anos, que era amiga de longa data da vítima. As duas trabalharam juntas e, mesmo após a vítima mudar de emprego, elas mantiveram contato. Ela conta que a suspeita de que o pai de Magna tenha sido drogado pelos suspeitos surgiu após a perícia encontrar um grande número de medicamentos na casa.
"Foi encontrada uma quantidade de medicações na casa dele, muito remédio mesmo. Então, parece que eles estavam dopando ele aos poucos, até para deixar ele mais debilitado, apático. Talvez, isso que fizesse com quem ele não tomasse nenhuma atitude. Me lembro que, quando eu conheci o pai dela, ele era um senhor forte ainda. Mas, acredito que isso ainda esteja sendo investigado", detalhou a mulher na entrevista.
Eliane conta que a relação de Magna com a madrasta não era boa, porém, ninguém poderia esperar que algo desse tipo pudesse acontecer. "A relação não era das melhores, era aquela situação de rusgas, às vezes de ciúmes, que acontece em várias famílias, da pessoa se afastar um pouco. Mas existia uma certa resistência da Magna em relação a esse relacionamento, ela não confiava neles (madrasta e filhos)", detalhou.
Empréstimo e apostas no "tigrinho" foram descobertos há cerca de 1 mês
Ainda de acordo com a amiga de longa data, aproximadamente um mês atrás Magna teria descoberto um empréstimo de cerca de R$ 40 mil em nome do pai e que a família da madrasta teria gasto cerca de R$ 9 mil em jogos de azar na internet, popularmente conhecido como "jogo do tigrinho".
"Ela resolveu deixar para lá pois conversou com o pai e ele falou que estava ciente do empréstimo. Mas ela cobrou deles (família da madrasta) a devolução de pelo menos a parte que foi perdida em jogos. Isso porque o valor era debitado na pensão dele e ela queria que eles devolvessem para que ele pudesse usar, para o bem dele", contou Eliane.
Após o encontro do corpo da filha e a prisão da família da companheira, o idoso está recebendo os devidos cuidados, ainda conforme a amiga da vítima. "O que sei é que tem uma pessoa, não sei se é parente ou vizinho. Mas a Magna era uma filha muito amorosa, cuidadosa mesmo", disse.
O crime
O corpo de Magna foi encontrado na terça-feira (27 de agosto), após quatro dias desaparecida. Magna trabalhava com recursos humanos e estava de home office — trabalho remoto. Segundo vizinhos, que a descrevem como uma pessoa tranquila e pacífica, as atividades externas se resumiam a compras e levar a filha de 3 anos para a escola. Foi justamente após não aparecer para buscar a filha, na sexta-feira (23 de agosto), depois de levá-la para a aula, que o desaparecimento dela foi notificado para as autoridades pelo marido dela.
A madrasta e quatro filhos dela (dois homens e duas mulheres) foram conduzidos ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) na tarde de terça, após o corpo da mulher ser "desenterrado". A vítima foi esfaqueada e golpeada na cabeça antes de ser concretada em uma cisterna.
Um dos filhos da madrasta de Magna teria confessado o crime. Ele alegou à polícia que Magna chegou à casa de sua mãe, em Venda Nova, nervosa, e que não teria gostado da atitude da mulher com a mãe e, por isso, a matou. A Polícia Civil investiga os crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Os outros três conduzidos alegaram que não participaram do crime.
A suspeita é de que o crime tenha sido motivado por uma discussão entre Magna e a madrasta, que tinha como pano de fundo questões financeiras. Isso porque a vítima teria descoberto que o dinheiro do pai havia sido desviado e usado em jogos de azar.