Será enterrado nesta sexta-feira (30 de agosto) o corpo de Magna Laurinda Ferreira Pimentel, assassinada aos 42 anos. O sepultamento ocorre uma semana após o homicídio, que ocorreu na casa do pai da vítima, no bairro Candelária, na região de Venda Nova.

O corpo de Laurinda só foi localizado na terça-feira (27) e liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) nesta quinta-feira (29). A madrasta dela e quatro filhos da suspeita estão presos por envolvimento no crime. 

O sepultamento deve ocorrer na parte da manhã, por volta das 10h, no Cemitério Parque Bosque da Esperança, no bairro Jaqueline, região Norte de Belo Horizonte. Laurinda, que morava no bairro Piratininga, região de Venda Nova, era casada e deixa uma filha de 3 anos

O crime 

Magna Laurinda Ferreira Pimentel, de 42 anos, foi assassinada e teve o corpo jogado em uma cisterna. Ela foi atraída para uma emboscada. A informação foi divulgada pela Polícia Civil nessa quarta-feira (28), um dia após o corpo da vítima ser encontrado na propriedade de seu pai, no bairro Candelária, região de Venda Nova, em Belo Horizonte. A madrasta da vítima e quatro filhos da mulher foram presos como suspeitos do crime.

Conforme a Polícia Civil, a morte de Magna foi encomendada pela madrasta, uma mulher de 54 anos. O crime teria motivações financeiras. Na sexta-feira (23), a vítima foi convidada por um dos familiares a ir à casa do pai para tratar do ressarcimento de um empréstimo de R$ 40 mil, feito em nome do idoso e gasto em apenas seis meses, segundo o delegado Alexandre da Fonseca, responsável pela investigação.

"O senhor idoso tem demência, e os suspeitos [madrasta e filhos dela] infelizmente se aproveitaram dessa condição para realizar um empréstimo de R$ 40 mil, além de fazer com que ele assinasse um termo de doação da residência em que mora para a madrasta da vítima", contou o delegado. Segundo ele, a madrasta da vítima era cuidadora do idoso e se casou com ele em 2015. "A partir daí, a mulher levou os quatro filhos dela para morar no terreno. Provavelmente, foi a partir daí que as explorações financeiras começaram", afirmou.

Conforme a Polícia Civil, Magna foi até o imóvel do pai, de 74 anos, que tem demência, atraída por um dos familiares. Na ocasião, seria tratado o ressarcimento de um empréstimo no valor de R$ 40 mil, feito em nome do idoso. Contudo, o convite era uma emboscada arquitetada pela madrasta da vítima, de 54 anos, para matá-la. Na casa, também estavam os filhos da madrasta da vítima — de 19, 25, 26 e 35 anos — que auxiliaram no assassinato.

Cronologia do crime

Conforme a Polícia Civil, após uma discussão calorosa, o filho mais velho da mulher golpeou Magna no pescoço com diversas facadas. A vítima também recebeu golpes nas costas, feitos provavelmente com o uso de uma machadinha. Em seguida, o corpo da vítima foi desovado em uma cisterna, localizada nos fundos do imóvel. Com o corpo da mulher no interior da cisterna, o espaço foi selado com argamassa.

"Quando ela chegou à residência, o filho mais velho já estava à espreita para realizar a execução", disse Alexandre da Fonseca.

Rastros digitais

Com as informações repassadas pela família da vítima a respeito do desaparecimento, rotina e convivência familiar que Magna mantinha, a Polícia Civil conseguiu reunir provas digitais que indicavam o paradeiro da mulher. Foi apurada a última localização do celular da vítima. A verificação apontou que Magna usou o serviço de um motorista de aplicativo para chegar até a casa do pai. Depois disso, o aparelho foi desligado.

As imagens das câmeras de vigilância da região também mostraram que a vítima entrou no imóvel e não saiu mais de lá.

"Em um primeiro momento, a família disse não saber do paradeiro da mulher. Contudo, após a polícia encontrar o corpo da mulher na cisterna, houve um silêncio terrível entre eles. Nesse momento, um dos filhos teria questionado a mãe sobre no que ela os havia metido. Depois disso, a madrasta revelou o crime e seu desenrolar. A faca possivelmente usada no crime foi indicada pela mandante do assassinato. A arma estava guardada entre outros utensílios domésticos", narrou o delegado.

Churrasco

Ainda conforme a Polícia Civil, dois dias após o desaparecimento de Magna, os familiares dela, envolvidos no crime, fizeram um churrasco no imóvel.

"Eles, de fato, estavam celebrando a morte dela. Porém, esse episódio chamou a atenção dos vizinhos, afinal, a família celebrava enquanto um ente estava desaparecido. A churrasqueira, que estava próxima à cisterna, foi colocada na frente da casa, e isso também despertou a estranheza da vizinhança", destacou o delegado Alexandre da Fonseca.

Prisões

A madrasta, considerada a mandante do crime, e os três filhos — o executor, de 35 anos, e as duas participantes da emboscada, de 19 e 25 anos — foram encaminhados ao Sistema Prisional. Eles podem responder pelos crimes de homicídio qualificado consumado, por motivo torpe.

Já o quarto filho da mandante, de 26 anos, também preso, foi vinculado ao crime de ocultação e destruição de cadáver. "A nora da mandante [madrasta] também havia sido conduzida, porém, foi liberada. Não foi possível apontar se ela era financeiramente beneficiada, já que o crime foi patrimonial. O caso ainda segue sob investigação", contou o delegado.

Conforme o delegado, as investigações seguem para esclarecer outros pontos, como “o tratamento dessa família com o idoso”. “Ele está em um ambiente seguro; estamos prezando pela vida dele. A mandante do crime possui outros dois filhos, que têm envolvimento com o tráfico de drogas", detalhou o delegado.