Uma das principais reclamações entre usuários de transporte por aplicativos é o cancelamento de corridas, especialmente após os motoristas perceberem que a demanda veio de supermercados, devido ao grande volume de compras. Enquanto isso, os taxistas de Belo Horizonte buscam a possibilidade de transportar itens ainda maiores, com a implantação de picapes entre os veículos autorizados a rodar na capital mineira. A possibilidade já é estudada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), que confirmou a informação nesta semana.
“A incorporação de veículos tipo caminhonete está em estudo pela Prefeitura de Belo Horizonte. Para que esse tipo de modelo seja incorporado à frota de táxi da cidade, além do estudo, é necessária uma homologação e posterior publicação no DOM”, detalhou o município.
Na última segunda-feira (19), o prefeito Fuad Noman (PSD), inaugurou a série de Sabatinas com os candidatos à prefeitura na rádio FM O TEMPO 91,7. Antes da entrevista, ele conversou com a reportagem e confirmou que a utilização de caminhonetes e picapes passou a ser estudada pelo município após demanda da própria categoria.
Segundo o presidente do Sindicato dos Taxistas de Minas Gerais (Sincavir), Carlos Roberto Luiz Fernandes, a modalidade de táxi picape surgiu na cidade de Recife (PE), se espalhando por todo o Nordeste e, mais recentemente, chegando a estados do Sul e Sudeste do Brasil. “Chegou até São Paulo, a grande metrópole do país. As picapes, além de atender o transporte normal de usuários, por terem cabine dupla e um espaço confortável, ela também serve para transporte de volumes maiores, abrindo aí uma nova possibilidade”, pondera.
Segundo o representante da categoria, os taxistas também teriam a opção de transportar eletrodomésticos, como geladeiras e televisões maiores, bicicletas e outros itens dos passageiros. “Vai agregar muito valor ao nosso trabalho e, dentro do nosso aplicativo, o Táxi Belô, teremos a possibilidade de incluir a função de transporte de envios de mercadorias. Portanto, é algo que iria agregar muito valor ao serviço de táxi”, afirma. Atualmente, há aplicativos que disponibilizam esse tipo de serviço e, com a aprovação da PBH, os taxistas poderão competir também no setor de pequenos fretes.
Taxista em Belo Horizonte há 42 anos, Joselito Teixeira da Silva, o Sabiá, de 64, garante que, se o uso dos veículos com caçamba for aprovado, o seu próximo veículo certamente será uma caminhonete. “Faço parte de uma cooperativa que atende mineradoras. Portanto, muitas vezes transportamos funcionários que estão com muitas peças, e em rotas com estradas de chão. Uma caminhonete atenderia muito bem, mas não só por isso. A gente (taxistas) fica muito na porta de shoppings, então, se o usuário comprar algo maior, poderia ser uma excelente opção”, pondera.
Sabiá acredita que, em breve, as picapes e caminhonetes deverão se tornar um dos tipos de carros mais comprados na frota de táxis de BH. “Se for homologado até setembro, outubro, te falo com propriedade que, até no máximo fevereiro de 2025, a frota de táxi de BH terá de 30% a 40% de picapes”, completa sem pestanejar o motorista.
Legislação em outros estados
A capital paulista publicou as regras para utilização das picapes pelos taxistas da cidade em maio deste ano. Na portaria, o município especifica que esse tipo de veículo atenderia, principalmente, públicos de aeroportos e rodoviárias, por conta das bagagens e, também, de centros de compras. Entretanto, a norma prevê que os motoristas não poderão cobrar nenhum valor adicional pelo transporte de itens na caçamba dos veículos.
Primeira a regulamentar a modalidade no Brasil, Recife determinou que os veículos tivessem no máximo 9 anos de fabricação; capacidade máxima para sete passageiros; o mínimo de quatro portas; entre outras coisas. Porém, a prefeitura do estado nordestino vedou ao taxista a realização de transporte “exclusivamente de carga mediante fretamento”.
Em Curitiba, onde as caminhonetes e picapes foram autorizadas aos taxistas em abril deste ano, é estipulado que o peso da carga não ultrapasse uma tonelada e que, se forem dotados de carroceria, que a mesma esteja “fechada e vedada para evitar que a entrada de água no interior danifique bagagens ou pertences dos passageiros”.
A PBH não previu até quando deverá acontecer o estudo para a implantação da categoria entre os veículos dos táxis da capital.
Pistas exclusivas
Na mesma reunião em que cobraram a implantação das picapes, os taxistas requisitaram ao prefeito Fuad Noman a liberação dos veículos em mais pistas do sistema de ônibus Move para deslocamentos na capital mineira.
Entre os principais pontos solicitados pela categoria está a utilização da pista do Move na avenida dos Andradas nos mesmos moldes que já acontece na avenida Cristiano Machado. Desde julho deste ano os táxis já podem utilizar as pistas exclusivas nas avenidas Pedro II, Presidente Carlos Luz, Antônio Abrahão Caram, Coronel Oscar Paschoal, Augusto de Lima, Vilarinho, Nossa Senhora do Carmo e Cristiano Machado (entre o Anel Rodoviário e a avenida Vilarinho).