A despedida da jovem Vitória Alves da Silva nesta sexta-feira (9) simboliza dois grandes marcos para familiares e amigos: o fim do convívio com uma moça alegre, saudável e cheia de planos, e o começo de uma busca por justiça pela memória dela e de tantas outras mulheres vítimas de feminicídio. Na cerimônia de velório e sepultamento, abarrotada de conhecidos absolutamente emocionados, a irmã mais velha da jovem, Bárbara Silva, relatou que a morte da irmã não pode ter sido em vão e que ela e familiares torcem pela punição do culpado.
"Desejo que a Lei Maria da Penha seja algo que funcione, que a morte dela não tenha sido em vão, que ela não entre para a estatística. Ela era uma jovem, não está mais aqui, mas nós estamos. Nós podemos fazer coisas para que essa realidade mude", afirmou.
O ex-companheiro, de 27 anos, inconformado com o término do relacionamento de três anos, na última quarta-feira (7), surpreendeu a vítima na saída do trabalho e a esfaqueou até a morte. O crime foi em plena luz do dia, na avenida Antônio Carlos, na região da Pampulha. O suspeito fugiu e se escondeu nas proximidades da Universidade Federal de Minas Gerais, mas foi capturado e confessou o crime.
Com semblante misto de dor e serenidade, o pai da jovem, Renato Xisto, também faz o mesmo apelo. Nesta tarde, haverá a audiência de custódia do suspeito e a definição se ele vai passar pelo processo preso ou em liberdade.
"A pergunta que faço ao juiz, promotor, ou a quem quer que seja é: você tem filha? E se fosse sua filha? Você deixaria ele solto? Sei que minha filha era de Deus e para Ele ela voltou, mas isso não nos tira a dor, nem o desejo de que ele pague pelo que ele fez e mais, que nenhum outro homem faça o que ele fez", disse.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostrando o ataque à vítima chocam pela audácia do homem em cometer tamanha violência justamente no dia em que a Lei Maria da Penha, que visa combater a violência contra mulher, completou 18 anos.
Uma vida interrompida
Ainda não habituado a falar da irmã caçula no passado, o irmão Gabriel Silva contou que a Vitória tinha sido promovida recentemente no trabalho, e que, além trabalho formal, ela ainda fazia e vendia palha italiana para completar a renda.
"Ela era a luz na nossa vida. O motivo do término foi porque no fim de semana ele bebeu muito durante uma festa, ficou descontrolado e isso não é o que a gente quer para ela, o que queríamos, aliás, então ela terminou", contou.
Frio e calculista
O crime se tornou ainda mais brutal devido à frieza do suspeito. Segundo os familiares, ele nunca deu sinais de que planejava fazer algo contra ela.
"Em algumas postagens, as pessoas estão falando sobre a questão dos sinais, de ficar atento aos sinais, mas nem sempre é assim. Às vezes, as coisas acontecem do nada, e este foi um caso. Mas ele planejou, foi para o apartamento, pensou em como faria. E aí, executou o plano", disse a irmã.
O pai, entretanto, afirma que alguns olhares e comportamentos davam indícios de que algo não estava certo entre eles.
"Sabe quando a gente era criança e a mãe com um olhar já nos reprimia? Então, às vezes ele olhava assim para ela. Eu estava de fora, então, conseguia perceber as coisas. Apesar disso, ele sempre foi muito educado e nós o acolhemos como filho", contou o pai.
O velório começou às 6h no cemitério Belo Vale, em Santa Luiza, na região Metropolitana de Belo Horizonte e o enterro às 9h, no mesmo local.
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