A nova febre entre os jovens, arminhas de brinquedo que disparam centenas de bolinhas de gel por minuto, chegou a Belo Horizonte. Na madrugada desta sexta-feira (13 de setembro), uma praça localizada na região do Barreiro foi palco da primeira "guerra" da capital com estas armas. Nas redes sociais, moradores do entorno do local reclamam do que chamaram de "bagunça" e do barulho do evento, que foi finalizado pouco tempo depois de começar, com a chegada de viaturas da Polícia Militar (PM). Ninguém foi preso.
Agendada inicialmente para acontecer na chamada "Praça do Cristo", no bairro Milionários, também no Barreiro, a "guerra" acabou sendo transferida para a praça Mil e Dois, no bairro Flávio Marques Lisboa, de última hora. Diversos influencers compartilharam a convocação para o evento, entre eles o "Sasp", influenciador "do grau" de BH que tem mais de 1 milhão de seguidores apenas no Instagram.
Porém, após o poster convocando para a guerra circular nas redes sociais, a PM se antecipou e ocupou o endereço inicialmente marcado, forçando os participantes a alterarem o local do encontro. Entretanto, logo depois, a PM chegou ao local e pôs fim à "brincadeira".
Assista:
No novo endereço, que fica em frente à Escola Municipal Pedro Aleixo, a batalha durou cerca de 40 minutos, segundo os moradores. Porém, foi tempo suficiente para incomodar quem morava no entorno da praça.
"Foi um caos na rua, correria, gritaria, chutavam os portões, som berrando, quem passava na rua se assustava achando que era briga de verdade e arma de verdade. Pode até brincar sim, mas em local fechado, tipo escola, quadra. E não meia-noite, na rua. No final quem ficou no prejuízo foram os moradores, que ficaram assustados e não dormiram para trabalhar", protestou uma moradora nas redes sociais.
Procurada pela reportagem de O TEMPO, a PM informou que, apesar da ação com viaturas no local, nenhuma ocorrência foi registrada. Por telefone, a comandante do 41º Batalhão da PM, tenente-coronel Ivana Ferreira Quintão, confirmou que a corporação enviou viaturas para o endereço marcado e, após a mudança de local, conteve rapidamente o que ela chamou de "bagunça".
Apesar de inicialmente ter informado que não iria se posicionar, o 41º Batalhão da PM divulgou uma nota em que afirmou ter sido acionada por moradores para "restabelecer a ordem pública no local". "O evento foi realizado em local público, sem o devido licenciamento. Tal ação, realizada de forma desorganizada gerava transtornos para moradores e demais cidadãos e veículos que pudessem transitar pelo local", completou a corporação.
Ainda conforme a PM, as armas conhecidas como "gel blasters" podem causar lesões dependendo do local do corpo atingido e da distância em que o disparo é efetuado, devendo ser utilizado por pessoas com equipamentos de proteção individual e em locais destinados a esse fim, para evitar que pessoas não envolvidas sejam atingidas.
"Outro fator complicador identificado no local foi uso de fogos de artifício e o
risco de acidentes de trânsito, já que alguns motociclistas foram ao local para
empinar motos e fazer manobras perigosas em alta velocidade, o que colocaria
em risco a vida de pessoas. O horário avançado causava perturbação de
sossego à vizinhança, que acionou a Polícia Militar para resolver o problema", completou.
Prisões e ferido em SP
À venda em lojas de brinquedo e na internet por preços que variam de R$ 100 a até mais de R$ 600, a nova febre é descrita nos anúncios como "lançador de bolinhas de gel elétrico recarregável". O produto sempre vem acompanhado de um número de bolinhas, que são compostas 90% por água, e de um óculos de proteção para os olhos.
"É seguro para crianças. Melhor escolha de jogo ao ar livre. Excelente diversão para crianças e também para adultos. Em quintais, sítios, praia, a diversão é garantida em qualquer lugar e sem preocupação com quebra de objetos ou ferimentos", diz um dos anúncios em uma famosa rede de comércio online.
Apesar de ser apontado como seguro, na última quarta-feira (11), um destes eventos terminou com 18 pessoas detidas - entre elas vários menores - e um homem ferido após ser atingido no olho por uma das bolinhas. O caso foi registrado no bairro Jardim São Luís, na zona sul de São Paulo.
Em vídeos que circulam nas redes sociais também é possível ver um dos participantes sendo atropelado por um carro durante outra destas "guerras" promovidas na capital paulista.
É permitido?
A legislação Brasileira prevê que armas de pressão (airsoft) não são consideradas simulacros de arma de fogo, sendo os últimos proibidos pela lei.
O Decreto 10.030, de setembro de 2019, prevê que esse tipo de "brinquedo" não demanda Certificado de Registro (CR), devendo apenas ter uma marcação na ponta da arma, nas cores laranja ou vermelho vivo, para dintingui-los de armas reais.