Foram devolvidos pelo banco Bradesco, nesta terça-feira (24 de setembro), os cerca de R$ 500 mil que tinham desaparecido da conta poupança de um casal de idosos de Belo Horizonte. A informação da devolução da quantia furtada foi confirmada a O TEMPO pela filha do casal, que foi até a agência na avenida Antônio Carlos no final desta manhã.
A engenheira civil de 51 anos, que preferiu não ser identificada, contou que os pais, de 77 e 76 anos, receberam com alívio a notícia da devolução do dinheiro, o que ocorreu com a correção dos juros dos dois meses que passaram. "Fui lá e conferi, estava tudo certinho. Não podiam falar muita coisa, pois ainda está acontecendo a investigação. Mas, pelo que entendi, a nossa denúncia na agência fez eles descobrirem crimes também em outras agências", detalhou a filha do casal.
A reportagem voltou a procurar o Bradesco nesta terça, mas, até a publicação, a instituição financeira ainda não tinha se posicionado. Questionada na época, a assessoria de imprensa do Bradesco informou apenas que está analisando o caso e que, "por questão de sigilo bancário", o assunto está sendo tratado "diretamente com o cliente".
O caso dos mineiros ganhou repercussão nacional e revoltou pessoas que sensibilizaram com a história dos idosos, que viram as economias de uma vida de trabalho desaparecerem e, após 2 meses reclamando, seguiam sem sua reserva de emergência.
Relembre o caso
O dinheiro foi alvo de dezenas de transferências e saques, que se iniciaram em maio deste ano. A poupança no Bradesco existia há cerca de 30 anos e era usada como reserva de emergência, fazendo com que a conta praticamente não fosse alvo de movimentações.
"Meu pai trabalhou muito, não viajava, não tirava férias, sempre pensando no futuro dele. Sempre que ele precisava movimentar alguma quantia, ele ia presencialmente até a agência, ligava com 24 horas de antecedência, tinha que avisar o que faria com o dinheiro. Ele não tinha cartão, nunca usou cartão dessa conta. Meus pais não tinham aplicativo, são idosos de quase 80 anos", disse a mulher.
O controle da conta era feito por meio do extrato bancário, que chegava bimestralmente na casa do casal. Foi somente no dia 31 de julho, quando o documento com o balanço financeiro chegou pelos correios, é que os idosos tiveram a desagradável "surpresa". "Somente em um dia foram nove saques de R$ 2.500, uma compra de R$ 12 mil, outra de R$ 9 mil. No dia seguinte meus pais foram até a agência e descobriram que a conta estava zerada", conta a filha.
Procurada, a Polícia Civil informou por nota que um inquérito foi instaurado no dia 1º de agosto para apurar a denúncia de furto em conta bancária. "Diligências investigativas seguem em andamento a cargo da 3ª Delegacia de Polícia Civil de Venda Nova e a Polícia Civil empreende todos os esforços para apuração dos fatos e circunstâncias, bem como, identificação de suspeitos", disse.
Para a filha, houve uma falha de segurança do banco. "O Bradesco sempre divulga que, se houver uma movimentação suspeita, a Bia, que é a inteligência artificial do banco, te liga avisando. Mas, no caso dos meus pais, as movimentações foram de maio até junho e só descobrimos quando chegou o extrato. O banco não suspeitou de nenhuma das movimentações, não ligou para perguntar se era a gente que estava fazendo. A segurança do banco falhou. O dinheiro foi furtado dentro da agência, no lugar que a gente achava que o dinheiro estaria mais seguro", indaga a filha do casal.