Um ônibus perdeu o controle sobre o viaduto Helena Greco, na manhã deste domingo (29), e caiu na avenida do Contorno, provocando várias mortes. Mas tudo não passou de cena de filme, acontecimento que dará partida à trama do longa-metragem "Vicentina Pede Desculpas", dirigido por Gabriel Martins.
A realização da sequência, uma das mais complexas já realizadas na cidade, envolveu uma grande preparação e estrutura, com o trânsito sendo interrompido na região desde às 5h da manhã. Logo cedo uma grande quantidade de veículos da produção ocupou o trecho da Contorno, na altura do número 10.800.
Dois enormes guindastes chamaram a atenção dos transeuntes, assim como um ônibus coletivo de BH completamente virado, sobre um caminhão. A reportagem de O TEMPO conseguiu entrar no set e observar a produção, antes de ser avisada que, devido a um contrato com a Netflix, não poderia permanecer no local.
Duas câmeras foram postadas na Contorno, próximo ao viaduto, no sentido Centro. Gabriel Martins esfava sentado numa caixa, ao lado do equipamento, juntamente com alguns técnicos. Mais atrás, numa tenda, de olho no monitor, estavam os outros três integrantes da produtora mineira Filmes de Plástico, uma das mais importantes do país.
Técnicos em efeitos especiais vindos de São Paulo também estavam a postos. Havia uma grande preocupação para que nada saísse errado, principalmente porque a queda do ônibus só poderia ser feita uma vez, devido à alta complexidade da cena - apesar de o viaduto estar a 15 metros do solo, o veículo precisaria ser içado a 30 metros.
O peso do ônibus, só com a carcaça, era de 8,3 toneladas. E a previsão era de um grande impacto no solo. Apesar de tantos detalhes, o ambiente no set era de tranquilidade. Antes da cena capital, a câmera começou a rodar às 10h30, filmando carros passando por baixo do viaduto. Alguns deles freavam bruscamente.
Os preparativos para a grande sequência começaram às 11h36, com o caminhão que transportava o ônibus se dirigindo para mais perto do viaduto. Às 12h26, um integrante da equipe pediu para as pessoas se posicionarem a uma determinada distância, para evitar o risco de ferirem com possíveis estilhaços.
Poucos minutos depois, o primeiro guindaste começou a subir uma cesta com o técnico de efeitos especiais que cortar o cabo que seguraria o ônibus ao outro guindaste. Técnicos da BHTrans monitoravam todas as ações. A realização do filme, por sinal, teve grande apoio da Film Commission de BH, que facilitou todos os trâmites.
Às 12h36, o ônibus finalmente começou a ser erguido, ainda de cabeça para baixo. Vários moradores da rua passaram a acompanhar o momento. A queda só aconteceu 14 minutos depois, provocando um estrondo e levantando muita poeira. Após a checagem do material, a equipe comemorou o feito, com vários e aplausos.