O dia mais quente de 20224 em pleno inverno. Este é o cenário vivenciado por Belo Horizonte, que registrou temperatura máxima de 34,4ºC nesta terça-feira (3 de setembro), superando os 34ºC registrados em 17 de janeiro, ainda no verão. O recorde anual de temperatura ocorre em meio à atuação de uma onda de calor e de ar seco, que atinge mais de 500 cidades mineiras, com previsão de temperaturas 5ºC acima da média.

A umidade relativa do ar também atingiu níveis críticos, com mínima de 12% — similar ao clima no deserto do Saara, no Norte da África. O dia mais seco de BH em 2024 ocorreu em 12 de agosto, quando a umidade atingiu 9%. A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica que valores abaixo de 60% são inadequados para a saúde humana. Os dados da umidade do ar e da temperatura são do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).

Conforme a meteorologista Anette Fernandes, as temperaturas devem seguir na casa dos 34ºC até quinta-feira (5), com uma leve redução para 30ºC na sexta-feira. "Estamos sob o efeito de uma onda de calor que tende a persistir. Na sexta-feira, haverá uma intensificação do transporte de umidade de origem oceânica, o que deve aumentar a nebulosidade na capital ", afirma.

No final de semana, as temperaturas começam a subir gradualmente novamente. "O tempo seco persiste, e a umidade relativa do ar deve ficar abaixo de 20% ao longo de toda a semana, exceto na sexta-feira, quando deve chegar a cerca de 30%", explica.

A solução para aliviar o tempo seco seria a chegada da chuva, mas essa possibilidade está distante. "Não há previsão de chuva pelo menos até meados de setembro. O único mecanismo capaz de limpar a atmosfera é a chuva", acrescenta a meteorologista.

Maiores temperaturas registradas em BH em 2024:

1° 34,4 ºC - 3/9/2024
2º 34,0 ºC - 17/1/2024
3º 33,8 ºC - 16/1/2024, 17,1/2024 e 17/3/2024
4º 33,7 ºC - 17/3/2024
5º 33,5 ºC - 16/1/2024
6º 33,4 ºC - 18/1/2024 e 29/2/2024
7º 32,4 ºC - 19/3/2024

Qualidade do ar em níveis críticos

Uma densa névoa de ar seco cobriu o céu de Belo Horizonte, resultado da falta de chuva. A dificuldade em enxergar o horizonte acende um alerta para a saúde, especialmente considerando que a qualidade do ar atingiu níveis críticos. Na manhã desta terça-feira (3 de setembro), o Índice de Qualidade do Ar (IQA) chegou a 239, indicando uma condição “muito insalubre”. Para se ter uma referência, uma qualidade do ar considerada boa varia entre 0 e 40 no índice. Ou seja, quanto mais alto o indicador, maior é o nível de poluição no ar.

Essa situação gera crescente preocupação entre os moradores, que podem apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardência nos olhos, no nariz e na garganta, além de falta de ar. Os efeitos podem ser ainda mais severos em grupos sensíveis, como crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias e cardíacas. Além disso, os incêndios que têm assolado a região agravam ainda mais o cenário. Minas Gerais registrou, em agosto, o maior número de incêndios dos últimos 13 anos.