Um trauma de nove anos atrás foi despertado na autônoma Ana Maria Botelho, de 52 anos, com as fortes chuvas que atingiram Belo Horizonte na noite da última quinta-feira (17). Moradora da avenida Teresa Cristina, no bairro das Indústrias II, região Oeste da capital, a mulher passou por momentos de tensão durante a inundação da via. 

Correndo para sair para o trabalho, a moradora conversou rapidamente com a reportagem, ao lado do asfalto danificado pela cheia. A mulher descreve com detalhes a hora da chuva. "Uma chuva forte, grossa. Quando começou, me lembrei da chuva de 9 anos atrás, quando ainda não tinha a bacia e perdi um monte de coisa. Ontem se a chuva tivesse demorado mais um pouco, teria sido do mesmo jeito", comenta.

Ana não teve prejuízo com a inundação de quinta-feira (17), mas relata que foram momentos de susto. "A água subiu mais de um metro de altura. Teve um carro aqui que foi arrastado, estava fazendo muito barulho, pois foi batendo em tudo até agarrar no poste. Se descesse mais um pouco, poderia bater no meu muro e fazer estrago", relata.

Ana construiu uma espécie de "varanda" de cerca de dois metros de altura bem na porta de casa, exatamente para impedir que a água invada o imóvel. Mesmo sem ter sofrido prejuízos, a moradora afirma estar cansada de lidar com as cheias. "Toda vez que chove forte é isso, e a prefeitura não está nem aí", dispara.

Cenário de destruição 

O trecho da avenida Teresa Cristina onde mora Ana Maria Botelho fica perto do pontilhão da linha do trem, perto do Anel Rodoviário. Na manhã desta sexta-feira (17), blocos de asfalto espalhados pela via e buracos na pista eram um reflexo da força da água durante a enchente. O problema foi verificado perto de uma unidade da Superintendência de Limpeza Urbana (SLU), na altura do número 8.583, e também perto da avenida Eliseu Resende.

Além de um carro preso em um poste, um tronco de árvore também estava solto na via. "Ele foi arrastado lá de cima da Tereza Cristina", contou rapidamente um morador, que afirma ser dono de um topa-tudo na avenida e relata ter perdido alguns itens no estabelecimento. "Desceu um monte de coisa lá, cama por exemplo", contou.

Nos dois sentidos há bloqueio de meia-pista. Carros que estavam em direção ao Centro precisaram desviar dos locais danificados e sinalizados com cones, o que provocou dificuldades no trânsito. Funcionários da prefeitura de Belo Horizonte já começaram trabalhos para restaurar o asfalto destruído. Equipes da Defesa Civil também estiveram na avenida, no trecho do bairro Betânia.