No local onde por mais de uma década um rebanho de fiéis se reunia para ouvir mensagens de fé, na manhã desta quarta-feira (12), apenas cinzas e destroços testemunham a ira de uma população desiludida. A igreja Pentecostal Frutos do Espírito Santo, fundada e liderada pelo pastor João das Graças, suspeito de ter assassinado a adolescente Stefany Vitória Teixeira Ferreira, de 13 anos, foi incendiada.
"Ouvi gritos das pessoas falando que somos uma comunidade, que temos que fazer justiça", relatou uma testemunha sobre o ocorrido na noite dessa terça-feira (11). Por medo de represália, ela que pediu anonimato.
A igreja funcionava no térreo de um imóvel de dois andares de uma rua de terra do bairro Metropolitano, em Ribeirão das Neves, na grande Belo Horizonte. O local funcionou por mais de uma década e, segundo testemunhas, "era uma benção." Depois que a situação veio à tona, com o encontro da menina e da entrega e confissão do pastor, populares revoltados quiseram fazer justiça com as próprias mãos.
"Estou sentindo muito pela perda dela, mas, mais ainda por ter sido ele. É inacreditável pensar que ele fez isso", relatou uma ex-fiel.
Nesta quarta-feira (12), uma viatura da Polícia Militar faz a escolta do lugar, que está vazio, desde que a mulher do pastor precisou sair escoltada por militares.
Não levantou suspeitas
A igreja foi fechada em outubro de 2024 sem muitas explicações. "O pastor disse que estava buscando no senhor novos direcionamentos", contou. Depois, ele passou a trabalhar com transporte escolar e, mais recente, transportar mercadorias da Central de Abastecimento de Minas Gerais (Ceasa).
"Tem gente que fala que ele usou drogas no passado, antes de servir ao senhor, mas que agora voltou a beber, usar essas coisas do mundo, mas mesmo assim, sempre foi uma pessoa tranquila, a gente nunca imaginou isso. Ele fez o batismo do meu esposo, celebrou meu casamento. Pensar que ele matou uma criança, não faz sentido", afirmou.